Os meandros da alteridade : marcas de dizer e indistinção de vozes no discurso
DISSERTAÇÃO
Português
T/UNICAMP M815m
Campinas, SP : [s.n.], 1995.
80f.
Orientador: Eni P. Orlandi
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem
Resumo: As formas lingüístico-discursivas em que o dizer se dobra ou se desdobra em um dizer outro ou de outro (discurso relatado, glosas, comentários,...) remetem a uma complexidade enunciativa, manifestando, em seus funcionamentos, uma relação necessária e constitutiva do discurso (e do sujeito)...
Resumo: As formas lingüístico-discursivas em que o dizer se dobra ou se desdobra em um dizer outro ou de outro (discurso relatado, glosas, comentários,...) remetem a uma complexidade enunciativa, manifestando, em seus funcionamentos, uma relação necessária e constitutiva do discurso (e do sujeito) com o outro. Compreendendo essa relação no modo é apresentada junto às noções de heterogeneidades enunciativas (Authier 1982, 1984, 1992) e de interdiscurso, no campo de conhecimento da Análise do Discurso (cf. Pêcheux, 1975, 1988), nos propomos, neste trabalho, a investigar o funcionamento daquelas formas de desdobramento do dizer em uma prática discursiva determinada: o discurso rural cotidiano. A observação de uma recorrência na explicitação das falas que compunham o dizer, associada a algumas formas ou marcas específicas - como se poderá ler no primeiro capítulo - produziu o estímulo inicial. Mas, enquanto procurávamos os traços mais regulares dos modos de emergência dessas formas, visando a uma compreensão mais geral de seu funcionamento, nosso olhar era insistentemente inquirido por uma espécie de des-regularização na relação entre as falas. Esboçava-se, nessa des-regularização, um intricamento de falas no discurso, insinuando um quadro enunciativo particular e uma relação de não limites entre o discurso de um e o outro. Dessa des-regularização consiste o que passamos a denominar de indistinção de falas e que se encontra descrita no terceiro capítulo deste trabalho, após as considerações (no capítulo II) sobre as relações do discurso e do sujeito com o outro, conforme mencionamos. Por fim, centramos nossa discussão sobre a indistinção visando a compreendê-la em uma dimensão discursiva, em articulação à dimensão de incompletude (Orlandi, 1987, 1988) da lingagem (e do sujeito) e a aspectos teóricos que foram assumindo contornos siginificativos ao longo de nosso percurso. As noções mobilizadas em nosso trajeto, criando a possibilidade de um trabalho como este, explicam nossa opção pela Análise do Discurso como perspectiva de reflexão sobre a linguagem.
Abstract: Not informed.