Resumo: Com o objetivo de estudar percepções de auto-eficácia e condutas de estudantes com deficiência visual, em relação às atividades de vida diária (AVD), realizou-se um "survey" analítico, tipo transversal. Criaram-se escores para analisar percepções de auto-eficácia e condutas nos domínios: higiene e cuidado pessoal, vestuário, alimentação, atividades domésticas e sociais, e escolares. Foi construído questionário estruturado, aplicado por entrevista, em amostra composta por 109 estudantes de Campinas e outros municípios do Estado de São Paulo. Os estudantes apresentaram as seguintes características: 52,3% do sexo masculino e 47,7% do sexo feminino; média de idade 23,37 anos; 84,4% solteiros. Declararam não enxergar 56,9% e enxergar pouco 43,1%, a maioria (57,8%) referiu deficiência visual congênita; 89,9% mencionaram mais de uma causa como responsável pela deficiência visual. Manifestaram preocupação de piorar e perder a visão 38,2%. Os estudantes declararam ter percepção de auto-eficácia e conduta na maioria dos domínios estudados Maior grau de percepção de auto-eficácia foi declarado para atividades de higiene e cuidado pessoal (x = 88,95 e s= 15,21) e menor grau nas atividades escolares (x = 53,78 e 5= 17,73). A deficiência visual foi considerada principal dificuldade para a realização das AVD. Observaram-se diferenças significativas no domínio higiene e cuidado pessoal, entre os grupos com menos de 20 anos e com 20 anos e mais, em relação à percepção de auto-eficácia (p<0,001) e conduta (p<0,001) Entre os grupos que declararam não enxergar e os que declararam enxergar pouco houve diferença significativa no domínio alimentação em relação à gradação de capacidade (p=0,004), e no domínio atividades domésticas e sociais em relação à auto-eficácia (p=0,018), gradação de capacidade (p<0,001) e conduta (p=0,020). Entre os grupos que se declararam pouco ou nada satisfeitos e os satisfeitos ou muito satisfeitos houve diferença significativa no domínio vestuário em relação à auto-eficácia (p=0,007), na gradação de capacidade (p=0,005) e conduta (p=0,003); no domínio alimentação em relação à auto-eficácia (p=0,014), gradação de capacidade (p=0,003) e conduta (p=0,010). Entre os dependentes e os independentes evidenciaram-se diferenças significativas em todos os domínios. Dos 77 estudantes que tinham feito ou estavam em processo de reabilitação, 61,0% declararam julgar-se capazes de agir sozinho. A maioria relatou aprendizagem das AVD por si próprio, apesar de ter-se submetido a processo de reabilitação. Na percepção dos entrevistados, foram observadas dificuldades mais freqüentes nas atividades domésticas e sociais. A percepção de auto-eficácia foi preponderante nos domínios pesquisados, e houve relação entre essa percepção e a conduta declarada. A reabilitação favoreceu a percepção de auto-eficácia e de satisfação com a própria capacidade, o que sugere percepção de melhor qualidade de vida Ver menos

Abstract: With the purpose of assessing perceptions of self-efficacy and performance in daily life-activities of visually impaired students a cross-sectional analytical survey was carried out Scores were created to analyze self-efficacy, degree of perceived capability, performance and cause of difficulty in performing ADL in the following domains: hygiene and personal care, dressing, feeding, household, social and school activities. A semi-structured questionnaire was constructed after an exploratory study, and personal interviews were conducted with 109 students from Campinas and other São Paulo State municipalities Student characteristics were: 52.3% male and 47.7% female; mean age 23.37 years; 84.4% single. Of the respondents 56.9% declared themselves as blind and 43.1% declared low vision, most declared that the cause for their visual impairment was congenital (57.8%), and 89.9% mentioned more than one cause as responsible for their visual impairment. Concern about further deterioration or loss of vision was expressed by 38 2%. The students declared perceived self-efficacy and performance in most of the researched domains. The greatest perceived self-efficacy level was assessed for the hygiene and personal care domain (x = 88,95 e s= 15,21) and the least for school activities (x = 53,78 e s= 17,73). Visual impairment was considered the main cause of difficulty in the performance of ADL Significant differences were detected between the students under 20 years old and those aged 20 or more in the hygiene and personal care domain in perceived self-efficacy (p<0,001) and performance (p<0,001) Among those that declared themselves as blind and the ones that declared low vision, significant differences were detected in the feeding domain for perceived capability (p=0,004); in the household and social activities domain for self-efficacy (p=0,018), perceived capability (p<0,0001) and performance (p=0,020). Among those satisfied or very satisfied and those that were not satisfied or little satisfied with their perceived capability the significant differences were - in the clothing domain, for self-efficacy (p=0,007), perceived capability (p=0,005) and performance (p=0,003); and in the feeding domain, for self-efficacy (p=0,014), perceived capability (p=0,003) and performance (p=0,010). There were significant differences in all domains among those that declared themselves independent and those that declared themselves dependent. A significant statistical association was detected between perceived self-efficacy and self-reported performance with age, visual ability, independence, and satisfaction. Of the 77 students that had been or were going through a rehabilitation process, 61% found themselves capable of acting on their own. Most of them reported that they learned to perform these activities by themselves, even though they had been through the rehabilitation process. Self-efficacy was preponderant in the investigated domains, and there was a significant statistical association between perceived self-efficacy and self-reported performance. The respondents perceived more frequent difficulties in the performance of domestic and social activities Rehabilitation reinforced self-efficacy perceptions and satisfaction with one's own capability, which suggests perceptions of improved quality of life Ver menos