Ontogenese floral com enfase no estudo do gineceu em Apocynaceae s.l.
Sueli Maria Gomes
TESE
Português
T/UNICAMP G585o
[Floral ontogenesis with emphasis in the study of gynoecium in Apocynaceae s.l]
Campinas, SP : [s.n.], 2006.
267 p. : il.
Orientador: Luiza Sumiko Kinoshita, Marilia de Moraes Castro
Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Biologia
Resumo: Apocynaceae s.l. é uma das maiores famílias de angiospermas com 4300-4800 espécies, está bem representada nos biomas brasileiros e possui expressiva importância fitoquímica, entre outros aspectos. Os sistemas de classificação da família têm refletido lacunas no conhecimento de sua...
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Resumo: Apocynaceae s.l. é uma das maiores famílias de angiospermas com 4300-4800 espécies, está bem representada nos biomas brasileiros e possui expressiva importância fitoquímica, entre outros aspectos. Os sistemas de classificação da família têm refletido lacunas no conhecimento de sua morfologia, particularmente quanto a caracteres relativos ao gineceu, que em geral apresenta uma hemisincarpia peculiar, ocorrendo também espécies sincárpicas. Visando a contribuir nesta área, o estudo em microscopia eletrônica de varredura (MEV) do desenvolvimento floral de 26 espécies desta família foi realizado, abrangendo 15 de suas 19 tribos (sensu Endress & Bruyns). Ensaio piloto com Ditassa retusa Mart. foi executado e quatro outras espécies selecionadas foram estudadas anatomicamente: Hancornia speciosa Gomes, Himatanthus obovatus (Müll. Arg.) Woodson, Mandevilla myriophylla (Taub.) Woodson e Prestonia coalita (Vell.) Woodson. Dois tipos de padrões ontogenéticos foram identificados para o gineceu. O primeiro baseia-se na iniciação, que pode ser a partir de uma concavidade situada em um domo ou mergulhada no receptáculo. Não há correlação entre o tipo de iniciação do gineceu e a posição do ovário na flor adulta. A maioria das espécies apresentou iniciação do gineceu a partir de uma concavidade mergulhada no receptáculo, originando ovário supero na flor adulta. A iniciação a partir de um domo aparentemente c homoplásica, tendo evoluído independentemente em Rauvolfioideae e Apocynoideae. Uma região congenitamente conata foi observada na iniciação do gineceu em todas as plantas examinadas, sendo mais reduzida em espécies dc Asclepiadoideae. O segundo padrão ontogenético relativo ao gineceu refere-se à origem de sua conação, que pode ser de três tipos: 1) sincárpico congenitamente, 2) hemisincárpico de origem mista ou 3) sincárpico de origem mista, sendo que o segundo tipo parece representar a condição plesiosomórfica na família. A descrição da sincarpia mista em Prestonia coalita vem corrigir as descrições taxonômicas desta espécie que a tratam como apocárpica. A região estéril na base do ovário foi caracterizada anatomicamente como ginóforo em Hancornia speciosa. A identificação de regiões conatas congênita ou posgenitamente foi essencial para o estabelecimento dos tipos de gineceu. Neste sentido, o teste com o Preto de Sudão B mostrou-se ineficaz, mas evidenciou estruturas secretoras, resultando em algumas contribuições para o conhecimento nesta área. Características ontogenéticas foram identificadas em relação aos demais verticilos florais. A iniciação das sépalas é assíncrona dextrorsa ou sinistrorsa, originando uma prefloração quincuncial, raro valvar. Os coléteres calicinais, quando presentes, apresentam iniciação assíncrona entre si e temporalmente associada à do gineceu; estas estruturas não ocorrem no cálice dc seis espécies estudadas; coléteres marginais foram constatados nas sépalas de Hancornia speciosa e Mandevilla myriophylla. A iniciação intraverticilos para a corola c para o androceu é síncrona, com algumas exceções que constituem novidade para a família. Os primórdios das pétalas e dos estames podem apresentar iniciação simultânea entre si ou as pétalas iniciam-se primeiro; este último evidenciou-se como um estado de caráter derivado, presente notadamente entre as Asclepiadoideae. O nectário estruturado forma-se a partir da região congenitamente conata do gineceu, constituindo-se uma estrutura apendicular nas espécies de Rauvolfioideae e Apocynoideae em que está presente. Entre as peculiaridades anatômicas florais das espécies examinadas citam-se: 1) conação posgênita das lacínias na formação da região superior do tubo corolino; 2) diferentes graus de complexidade e conação entre os estames; 3) diferentes pontos de adnação entre androceu e gineceu; 4) presença de hipoderme secretora nos verticilos florais; 5) epiderme secretora ocorrendo na fauce da corola, apículos e cabeça do estilete, sendo que nesta última é composta por tricomas unicelulares ou por células epidérmicas dispostas em paliçada. Os resultados obtidos trouxeram contribuições para a caracterização de Apocynaceae s.l. e ilustram a gradação morfológica de seus diferentes caracteres, consolidando as subfamílias propostas por Endress & Bruyns. O estudo anatômico corroborou e complementou informações obtidas em MEV, demonstrando a importância da combinação dos dois tipos de abordagens para o conhecimento morfológico aqui apresentado
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Abstract: Apocynaceae s.l. is one of the biggest Angiosperm families with 4300-4800 described species. It is well represented within the Brazilian Biomes and has remarkable importance for phytochemical research, among other important research lines. Familial classification systems have usually...
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Abstract: Apocynaceae s.l. is one of the biggest Angiosperm families with 4300-4800 described species. It is well represented within the Brazilian Biomes and has remarkable importance for phytochemical research, among other important research lines. Familial classification systems have usually reflected gaps on the knowledge of morphological features, especially these concerning the gynoecium. The gynoecium may either be hemisyncarpous or - less frequently - syncarpous. Scanning Electron Microscopy (SEM) studies of the floral development in 26 species of this family representing 15 of its 19 tribes (sensu Endress & Bruyns) were studied. In addition, preliminary studies on Ditassa retusa Mart, were performed and four other selected species were anatomically studied: Hancornia speciosa Gomes, Himatanthus obovatus (Mull. Arg.) Woodson, Mandevilla myriophylla (Taub.) Woodson and Preslonia coalita (Veil.) Woodson. Two gynoecium ontogenetic patterns were detected. The first is based on its initiation that can be as a concavity on a dome or immersed in the receptacle. There is no apparent correlation between the kind of gynoecium initiation and the ovary position in the adult flower. Most species showed the gynoecium initiation as a concavity immersed in the receptacle and it originates a superior ovary in adult flower. The gynoecium initiation as a dome is likely homoplasic having evolved independently in Rauvolfioideae and Apocynoideae. Congenitally connate regions are present in the early development of all studied species. These connate regions are smaller within the Asclepiadoideae. The second pattern of gynoecium development concerns the origin of the connation and can be divided into three kinds: 1) congenitally syncarpous, 2) hemisyncarpous with mixed origin and 3) syncarpic with mixed origin; this later condition may be the plesiomorphic condition within the family. The description of the mixed syncarpy in Prestonia coalita corrects published taxonomic descriptions that consider this species as being apocarpic. Ovarian sterile basal region was identified as a gynophore in Hancornia speciosa. The identification of congenital or postgenital connate regions was essential for the establishment of gynoecium development patterns. For these purposes, the Sudan Black test was inefficient but it evidenced secretory structures and resulted in some contributions to the knowledge in this matter. Ontogenetic features were identified for the other floral verticilles. Sepal initiation is asynchronous, dextrorse or sinistrorse and originates a quincuncial prefloration, rarely valvate. Calycinal colleters -when present - display an asynchronous initiation between themselves and a temporal association with the initiation of the gynoecium. These structures are lacking in the calyx of six studied species. Marginal colleters are present in the sepals of Hancornia speciosa and Mandevilla myriophylla. Intraverticilar initiation of corolla and androccium is synchronous, with some remarkable exceptions that are reported for the first time in the family. The petals and stamens primordia can either display simultaneous initiation or petals may be initiated first. This last condition may be an derivate feature present particularly in Asclepiadoideae. The structured nectary originates from a gynoeciunvs congenitally connate region and constitutes an appendicular structure in some Rauvolfioideae and Apocynoideae species. There are some peculiarities among the examined species: 1) laciniae postgenitally connate onto the superior region of corolla tube formation; 2) different degrees of staminal complexity and connation; 3) different adnation points between the androecia and gynoecia; 4) presence of a secretory hypoderm at the floral verticils; 5) a secretory epidermis occurring on the corolla fauce, apicules and style head, composed for unicellular trichomes or epidermic cells in palisade. The obtained results improved the morphological flower characterization of Apocynaceae s.l. and illustrate the morphological gradation for different characters, consolidating the subfamilies proposed by Endress & Bruyns. The anatomical studies corroborated and complemented SEM information and demonstrated the importance of the combination of these two data sources to obtain the morphological information presented here
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Kinoshita, Luiza Sumiko, 1947-
Orientador
Castro, Marilia de Moraes, 1953-
Coorientador
Ribeiro, Dalva Graciano
Avaliador
Semir, João, 1937-2018
Avaliador
Vieira, Milene Faria
Avaliador
Yamamoto, Kikyo, 1954-
Avaliador
Ontogenese floral com enfase no estudo do gineceu em Apocynaceae s.l.
Sueli Maria Gomes
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