Resumo: O presente estudo analisa o Regime de Progressão Continuada implantado em toda a rede escolar pública do Estado de São Paulo pela Secretaria Estadual de Educação em 1998 com o objetivo de elucidar a questão da seletividade e da exclusão escolar. Tem corno procedimentos metodológicos: o levantamento bibliográfico; o levantamento dos documentos oficiais sobre o Regime de Progressão Continuada a fim de entendê-lo e caracterizá-lo enquanto proposta do governo estadual; o acompanhamento, durante o ano de 2003, em uma escola da rede estadual da cidade de Campinas, em duas classes de 4ª série - A e B, com o objetivo de observar como se concretizou a proposta na prática escolar cotidiana; a coleta de dados realizada por meio do levantamento dos dados oficiais dos 34 sujeitos da pesquisa, obtidos pelos documentos escolares destes alunos - fichas de matrícula, listas piloto, espelhos de classe, por meio das observações diretas dos vários momentos do cotidiano escolar - aulas, reuniões de pais, recreios, reforço e por meio das entrevistas com os alunos e com as duas professoras das duas classes. Ao longo da investigação e após uma análise mais aprofundada dos dados coletados, observou-se que a implantação da progressão continuada não rompeu com mecanismos e processos mais profundos de seleção e exclusão levando a escola, assim, a manter o seu caráter seletivo e excludente. Constatou-se que a implantação da progressão continuada fez com que a exclusão, antes exterior aos muros da escola, aconteça, agora, com a criança estando dentro dela - é o que se chama de "inclusão excludente" ou "exclusão branda" ou, ainda, "eliminação adiada". Constatou-se, ainda, que estes novos mecanismos de exclusão, intimamente ligados aos mecanismos de avaliação, intensificou, dentro da escola, a produção das desigualdades o que, numa análise, contribui com a manutenção das desigualdades sociais Ver menos