Memoria da lingua : imigração e nacionalidade
Maria Onice Payer
TESE
Português
(Broch.)
T/UNICAMP P291m
Campinas, SP : [s.n.], 1999.
173 p.
Orientador: Eni Puccinelli Orlandi
Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem
Resumo: A pesquisa tem como objeto de estudo a memória discursiva oral - em que se incluia língua- de sujeitos provenientes da imigração italiana para o Brasil no contexto republicano. O processo de nacionalização desses imigrantes contou com a intervenção pontual do Estado, na década de 1930,...
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Resumo: A pesquisa tem como objeto de estudo a memória discursiva oral - em que se incluia língua- de sujeitos provenientes da imigração italiana para o Brasil no contexto republicano. O processo de nacionalização desses imigrantes contou com a intervenção pontual do Estado, na década de 1930, quando foi oficialmente interditada a prática da língua materna dos imigrantes, através de campanhas de nacionalização que implantaram a língua nacional nas áreas de
colonização estrangeira, sobretudo através da escola primária. Entretanto, em regiões onde a prática de linguagem é de predominância oral, a freqüência obrigatória à escola primária não alcançou apagar de todo a língua dos imigrantes, de modo que os traços de memória de sua língua (dialetositalianos)- aqui considerados como traços de sua memória discursiva- encontram-se até hoje presentes na estrutura do Português que falam. A relação do sujeito com esses traços é
marcada pela imagem da língua interditada: ao mesmo tempo em que constituem o sujeito de linguagem, constam como traços a serem apagados, à medida em que o Português interpela juridicamente esse sujeito como língua apropriada ao seu estatuto de cidadão. Tal contradição, produzida no âmago da história e manifesta no sujeito do discurso, leva a um desnivelamento entre a memória discursiva dos imigrantes enquanto memória constitutiva e enquanto memória
representada, na medida em que o sujeito do discurso representa como sendo do domínio do "passado" os traços de língua/discurso advindos dos imigrantes, ao mesmo tempo em que esses traços constituem a sua língua/discurso no próprio "presente", escapando assim a essa representação. Tal desnivelamento condiz com a representação linear de história que a
historiografia coloca à disposição, na sociedade como na escola, ao apagar o fato de ter havido mais de uma língua (portanto de uma memória discursiva) atuando na constituição histórica desses sujeitos. Disso resulta a importância da formulação discursiva do passado através dos "textos de lado, ultrapassagens e/ou resistências vêm estabelecer entretanto rupturas na representação dos traços de memória dos imigrantescomo alteridade temporal, quando o fio da temporalidade assim
organizada se rompe e o sujeito fica exposto, na própria língua, à multidimensionalidade temporal dos sentidos que habitam seu dizer Ver menos
colonização estrangeira, sobretudo através da escola primária. Entretanto, em regiões onde a prática de linguagem é de predominância oral, a freqüência obrigatória à escola primária não alcançou apagar de todo a língua dos imigrantes, de modo que os traços de memória de sua língua (dialetositalianos)- aqui considerados como traços de sua memória discursiva- encontram-se até hoje presentes na estrutura do Português que falam. A relação do sujeito com esses traços é
marcada pela imagem da língua interditada: ao mesmo tempo em que constituem o sujeito de linguagem, constam como traços a serem apagados, à medida em que o Português interpela juridicamente esse sujeito como língua apropriada ao seu estatuto de cidadão. Tal contradição, produzida no âmago da história e manifesta no sujeito do discurso, leva a um desnivelamento entre a memória discursiva dos imigrantes enquanto memória constitutiva e enquanto memória
representada, na medida em que o sujeito do discurso representa como sendo do domínio do "passado" os traços de língua/discurso advindos dos imigrantes, ao mesmo tempo em que esses traços constituem a sua língua/discurso no próprio "presente", escapando assim a essa representação. Tal desnivelamento condiz com a representação linear de história que a
historiografia coloca à disposição, na sociedade como na escola, ao apagar o fato de ter havido mais de uma língua (portanto de uma memória discursiva) atuando na constituição histórica desses sujeitos. Disso resulta a importância da formulação discursiva do passado através dos "textos de lado, ultrapassagens e/ou resistências vêm estabelecer entretanto rupturas na representação dos traços de memória dos imigrantescomo alteridade temporal, quando o fio da temporalidade assim
organizada se rompe e o sujeito fica exposto, na própria língua, à multidimensionalidade temporal dos sentidos que habitam seu dizer Ver menos
Abstract: Not informed.
Orlandi, Eni de Lourdes Puccinelli, 1942-
Orientador
Smolka, Ana Luiza Bustamante, 1948-
Avaliador
Correa, Bethania Sampaio
Avaliador
Castro, Maria Fausta Pereira de, 1944-
Avaliador
Lara, Tiago Adão
Avaliador
Memoria da lingua : imigração e nacionalidade
Maria Onice Payer
Memoria da lingua : imigração e nacionalidade
Maria Onice Payer
Exemplares
Nº de exemplares: 2
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