Resumo: No início da década de noventa, partindo da constatação do caráter excludente do financiamento rural e das dificuldades vividas pelos agricultores familiares, organizações não-governamentais e entidades de representação da agricultura familiar de Santa Catarina identificaram o cooperativismo de crédito rural como alternativa para as unidades de produção familiar daquele Estado. Assim, a partir da discussão fomentada por aquelas entidades, iniciou-se um processo de constituição de cooperativas de crédito rural entre esses agricultores. As cooperativas resultantes, denominadas de "alternativas", organizam a poupança financeira dos produtores e representam um canal institucionalizado para a obtenção e a alocação de recursos para o financiamento de suas atividades. Os elementos que evidenciaram as possibilidades das cooperativas de crédito rural desta pesquisa enquanto agentes financiadores da agricultura familiar catarinense, ou seja, enquanto organização que busca estabelecer alternativas para esses agricultores, são a forma como foram constituídas e a forma como são dirigidas. O processo de constituição das credis "alternativas" foi sustentado por uma forte mobilização de diversos setores da sociedade local. A gestão dos recursos financeiros e as decisões sobre os rumos dessas cooperativas estão sob a responsabilidade efetiva dos próprios agricultores associados. Essas características possibilitam que os agricultores, à medida que participam das decisões internas das cooperativas, percebam sua realidade e suas necessidades também de forma participativa. A análise dos dados da pesquisa revelou, contudo, alguns limitantes aos objetivos previamente estabelecidos para o funcionamento das cooperativas
"alternativas". A falta de recursos financeiros e as dificuldades em captá-Ios, aliadas a alguns obstáculos para a implementação de formas de gestão mais democráticas do que aquelas existentes no cooperativismo ''tradicional'', apresentam-se como as principais restrições ao desenvolvimento das possibilidades oferecidas por esta forma de cooperação entre os agricultores familiares catarinenses Ver menos

Abstract: Early in the 90's, in a context of selective agriculturaI financing character and familiar farmers difficulties to produce, nongovemmental organizations and Santa Catarina's familiar farming representation entities looked at agriculturaI credit cooperatives as altemative for the Santa Catarina's familiar farming. From the incited discussion by those entities, was started the credit cooperatives formation process among those farmers. The resultant cooperatives, caIled "alternative", aIlow to organize the farmers financiaI saves and represent an institutionaIized channel to obtain and to allocate the resources for their production financing. In this research, the elements that point out the possibilities of the credit cooperatives as
familiar farmers financiaI agents are the formation process outlines and "how" managed are the cooperatives. The formation process is important, because it was supported by a strong and diverse local sectors community mobilization and the cooperatives management outlines is important too, because the financiaI resources management and the decision making about the cooperatives course are under the partner farmers own responsibility. In so far as they take part on inner decision making, the farmers perceive more and more of their reality and necessities into the participative contexto However, the data anaIyze indicates some limits for the "aItemative" cooperative working objectives. The monetary resources lack and the difficult to get them, with some obstacles that hamper the implementation of management forms more democratic than those existent in the "traditionaI" cooperatives, are the main limits for the development possibilities offered by these cooperation form among Santa Catarina' s familiar farmers Ver menos