Resumo: As transformações que ocorreram no capitalismo no século XX trouxeram relevância à gestão do tempo, do espaço e das subjetividades no processo produtivo. Neste contexto, os mecanismos de controle do trabalho, como as avaliações de desempenho, ganharam protagonismo na gestão do trabalho corporativo. A aplicação dessas ferramentas e suas consequências apresentam diferenças quando utilizadas por e para trabalhadores e trabalhadoras. Essas diferenças e suas implicações foram abordadas de forma abrangente por estudos de gênero no trabalho em domicílio e em linhas de produção industriais e foram classificadas como reflexo no mundo do trabalho e da construção e naturalização social das mulheres. Utilizando esses estudos como suporte, o aporte teórico de Joan Scott e Joan Acker para discutir gênero como categoria de análise relevante nos estudos sobre trabalho nas organizações e 29 entrevistas semiestruturadas realizadas com trabalhadores e trabalhadoras, esta pesquisa busca explorar o que as diferenças na experiência de homens e mulheres em relação às avaliações de desempenho revelam sobre o trabalho no neoliberalismo e elucidar aspectos de como os mecanismos de perpetuação das desigualdades impressas pelo gênero se atualizam nas organizações. Dentre os achados, destacam-se: o papel multifuncional, e muitas vezes paradoxante, que esta ferramenta assume durante a vida laboral dos trabalhadores e trabalhadoras, como as avaliações de desempenho atuam instrumentalizando expectativas para extração de mais trabalho e como elas expressas e reproduzem desigualdades nas organizações Ver menos

Abstract: The transformations that occurred in capitalism during the 20th century brought relevance to the management of time, space, and subjectivities in the production process. In this context, work control mechanisms, such as performance evaluations, gained prominence in corporate work management. The application of these tools and their consequences show differences when used by and for male and female workers. These differences and their implications have been comprehensively addressed by gender studies in home-based work and industrial production lines and have been classified as reflections in the world of work and the social construction and naturalization of women. Using these studies as support, the theoretical contribution of Joan Scott and Joan Acker to discuss gender as a relevant category of analysis in studies on work in organizations, and 29 semi-structured interviews conducted with male and female workers, this research seeks to explore what the differences in the experience of men and women regarding performance evaluations reveal about work in neoliberalism and elucidate aspects of how the mechanisms of perpetuation of inequalities imprinted by gender are updated in organizations. Among the findings, the following stand out: the multifunctional, and often paradoxical, role that this tool assumes during the working life of male and female workers, how performance evaluations act by instrumentalizing expectations for extracting more work, and how they express and reproduce inequalities in organizations Ver menos