Resumo: Durante as últimas décadas do século XX, o mundo passou por um processo de liberalização econômica, sobretudo no âmbito do comércio e das políticas públicas. Esse movimento, no entanto, assumiu uma forma mais intensa na periferia global. As trajetórias seguiram rumos distintos enrew as economias latino-americanas, como o Brasil, e para as economias asiáticas, como a China. Com o retorno da estabilidade monetária no Brasil, a virada do século inaugurou um novo período para uma economia agora mais liberalizada e integrada aos fluxos internacionais, com acesso a novos mercados e parceiros comerciais, especialmente após a entrada oficial da China na Organização Mundial do Comércio, em 2001. Os anos de baixo crescimento e dinamismo foram revertidos pouco depois, entre o final de 2003 e o início de 2004, com o fenômeno conhecido como "boom das commodities". Nesse período, o Brasil conseguiu aliviar suas contas externas e vivenciou uma fase de maiores taxas de crescimento, acompanhada por um aumento generalizado do poder de compra da população. Entretanto, essa fase também reforçou a posição do país como uma economia agroexportadora. A partir da crise de 2008, enquanto o Brasil enfrentava uma interrupção em seu ciclo virtuoso, a China redirecionou seus esforços para intensificar ainda mais seu desenvolvimento, transformando-se rapidamente em uma grande produtora de tecnologia. A China capturou os efeitos positivos de seu parque industrial com políticas econômicas bem coordenadas, buscando endogeneizar a inovação e a produção tecnológica. À medida que o mundo retornava à normalidade, a China entrou em uma trajetória de crescimento acelerado e expansão ambiciosa para novos mercados com produtos mais sofisticados, tornando-se gradualmente o maior parceiro comercial do Brasil. Esse cenário acentuou o caráter primário das exportações brasileiras, em contraste com a postura passiva do Brasil diante das pressões do mercado, o que gerou impulsos reprimarizantes à estrutura produtiva nacional Ver menos

Abstract: During the last decades of the 20th century, the world underwent a process of economic liberalization, particularly in the areas of trade and public policy. This movement, however, took a more intense form in the global periphery. The trajectories diverged between Latin American economies, such as Brazil, and Asian economies, such as China. With the return of monetary stability in Brazil, the turn of the century marked a new period for an economy that was now more liberalized and integrated into international flows, with access to new markets and trading partners—especially after China's official entry into the World Trade Organization in 2001. The years of low growth and dynamism were soon reversed, between late 2003 and early 2004, with the phenomenon known as the "commodities boom." During this period, Brazil was able to ease its external accounts and experienced a phase of higher growth rates, accompanied by a widespread increase in the population’s purchasing power. However, this phase also reinforced the country's position as an agro-exporting economy. Following the 2008 crisis, while Brazil faced a disruption in its virtuous cycle, China redirected its efforts to further intensify its development, quickly transforming itself into a major producer of technology. China captured the positive effects of its industrial base through well-coordinated economic policies, aiming to endogenize innovation and technological production. As the world returned to normal, China entered a trajectory of accelerated growth and ambitious expansion into new markets with more sophisticated products, gradually becoming Brazil’s largest trading partner. This scenario accentuated the primary nature of Brazilian exports, in contrast with Brazil’s passive stance in the face of market pressures, which generated reprimarization pressures on the national productive structure
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