Resumo: Esta tese apresenta a trajetória de uma educadora forjada nas experiências do Movimento Negro e na coletividade de (nós) mulheres negras, cuja caminhada se constrói na descolonização de trilhas. Ancorada na afroepistemetodologia — perspectiva que articula saberes ancestrais, experiências vividas, memória coletiva e práticas insurgentes —, a pesquisa utiliza a simbologia de Sankofa para refletir sobre as políticas públicas antirracistas no campo da educação. A afroepistemetodologia orienta o resgate e a análise de fontes primárias e secundárias que dialogam com as lutas do Movimento Negro, valorizando a memória como território de disputa e produção de conhecimento. São mobilizados documentos como manifestos, cartas e boletins do Movimento Negro, entre eles: a Convenção Nacional do Negro pela Constituinte (1986), o Seminário Nacional de Universitários Negros (1993), o Manifesto da Marcha Zumbi dos Palmares (1995), a Carta de Ibirité (1999), o Manifesto Zumbi +10 (2005), o Manifesto da Marcha das Mulheres Negras (2015) e o Manifesto do Julho das Pretas (2024). Tais documentos são tratados como relicários históricos e ferramentas de memória que revelam os saberes afrodiaspóricos na construção de políticas públicas nacionais e internacionais. A análise evidencia que, desde a década de 1980, o Movimento Negro Unificado (MNU) se consolidou como principal articulador na defesa dos direitos da população negra. Seu programa de ação de 1982 questiona a ideologia da democracia racial no Brasil, propõe uma mobilização de massas, articula alianças com outros movimentos sociais e promove o enfrentamento à violência policial. Destaca-se também o papel das mulheres negras na produção de saberes, na luta por direitos sociais e na implementação da Lei nº 10.639/03 em Campinas/SP. A educação, enquanto bandeira fundamental do MNU, é abordada a partir das contribuições da militância para a formulação e implementação de ações afirmativas na Secretaria Municipal de Educação de Campinas. Para isso, a pesquisa mobiliza bibliografia relevante, fontes documentais e dados que ampliam a compreensão sobre os caminhos históricos e epistemológicos do movimento negro na luta por uma educação antirracista Ver menos

Abstract: This thesis portrays the journey of an educator forged in the experiences of the Black Movement and in the collectivity of (us) black women, whose path is built on the decolonization of trails. Anchored in Afroepistemetodology - a perspective that articulates ancestral knowledge, life experiences, collective memory and insurgent practices - the research uses the symbolism of Sankofa to reflect on anti-racist public policies in education. Afroepistemetodology guides the retrieval and analysis of primary and secondary sources that dialogue with the struggles of the Black Movement, valuing memory as a territory of contestation and knowledge production. Documents such as manifestos, letters and reports from the Black Movement are mobilized, including: the National Black Convention for the Constituent Assembly (1986), the National Seminar of Black University Students (1993), the Manifesto of the Zumbi dos Palmares March (1995), the Ibirité Declaration (1999), the Zumbi +10 Manifesto (2005), the Manifesto of the Black Women's March (2015) and the July of the Black Women Manifesto (2024). These documents are treated as historical relics and memory instruments that reveal Afro-diasporic knowledge in the construction of national and international public policies. The analysis reveals that, since the 1980s, the Unified Black Movement (MNU, in Portuguese) has consolidated its position as the main organization defending the rights of the black people. Its 1982 action agenda challenges the ideology of racial democracy in Brazil, advocates mass mobilization, forms alliances with other social movements and confronts police violence. It also highlights the role of black women in the production of knowledge, in the fight for social rights and in the implementation of Law 10.639/03 in Campinas/SP. Education, as a fundamental banner of the MNU, is addressed based on the contributions of militancy to the formulation and implementation of affirmative action in the Campinas Municipal Department of Education. To this end, the research draws upon relevant bibliography, documentary sources and data that broaden our understanding of the historical and epistemological paths taken by the black movement in the struggle for anti-racist education Ver menos