"Agora eu era herói" : uma rap(sódia) terapêutico-antropofágica audiovisual do caráter de heróis, anti-heróis, super-heróis, heroínas e crianças
Antonio Miguel, Ana Lúcia Goulart de Faria, Magda Dourado Pucci, Adriana Alves da Silva, Marcelo Vicentim
ARTIGO
Português
["Now i was a hero"]
Resumo: Inventando um gênero literário-textual híbrido – antropofagicamente composto pelo gênero literário/musical erudito denominado rapsódia, que encadeia tradições e estilos literários/musicais heterogêneos diversos, e pelo gênero literário-musical popular urbano denominado rap, um tipo de...
Ver mais
Resumo: Inventando um gênero literário-textual híbrido – antropofagicamente composto pelo gênero literário/musical erudito denominado rapsódia, que encadeia tradições e estilos literários/musicais heterogêneos diversos, e pelo gênero literário-musical popular urbano denominado rap, um tipo de canto-poema rimado e rap(idamente) declamado/cantado, inventado por comunidades afro-descendentes de países americanos outrora colonizados –, o propósito que orientou a produção do rap-poema cênico que se segue foi o de proporcionar aos leitor@s/expectador@s experiências performativas de leituras (des)equilibristas ditas (auto)terapêuticas – no sentido wittgensteiniano – e antropofágicas, no sentido do Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade. Visualmente, à semelhança das colagens dadaístas de Kurt Schwitters e Hans Arp, o rap-poema se assemelha a uma colcha de retalhos composta por 17 caixas de aforismos ou de imagens desconexas e aleatoriamente dispostas ao longo das páginas. Por sua vez, tais caixas remetem, mediante hiperlinks, a vídeos que encenam metonímica ou rapsodicamente o enredo que o rap-poema problematiza – "Ai que preguiça!" –, qual seja, a fisiognomia e o caráter de heróis, anti-heróis, super-heróis, heroínas e crianças. Para realizarem a "leitura" do rap-poema, é preciso que @s leitor@s elejam um percurso aleatório das caixas (desde que percorram todas elas), como, por exemplo: 09 – 06 –11 – 10 – 01 – 07 –16 –12 – 02 –15 –17 –14 – 03 – 08 –13 – 04 – 05, e cliquem com o mouse sobre cada uma delas, segundo a ordem eleita, num movimento de vai e vem entre as caixas de textos-imagens e os audiovídeos aos quais cada uma das caixas remetem, respectivamente. Assim, cada leitura personalizada do rap-poema proporciona a leitor@s a chance de se envolverem com uma experiência (des)equilibrista de produção de significados muito diferente daquela proporcionada por textos verbais-argumentativos característicos do mundo acadêmico, semelhante, porém, a pesquisas que realizamos percorrendo sites diversos da internet. Nessas leituras (des)equilibristas, a produção de sentidos é feita com base em conexões analógicas casuais que cada leitor@ estabelece em suas tentativas de transformar imagens e aforismos desconexos e em uma narrativa contínua e significativa. Assim, tais significações diversas não devem ser vistas como intencionais, subjacentes ou supostamente ocultas no rap-poema, ainda que a produção do rap-poema tenha sido propositalmente orientada por um apelo de problematização do caráter agonístico, competitivo, violento, vingativo, vaidoso, estratégico, astucioso, ardiloso e ilusionista constitutivo das imagens quase sempre maniqueístas, supra-humanas, mascaradas, belicistas, machistas e adultocêntricas de heróis, anti-heróis, super-heróis e heroínas construídas ao longo das histórias da filosofia, da literatura, das artes, do cinema e dos quadrinhos. Tais imagens têm sido reiteradamente mobilizadas e comercializadas como modelos ideológicos formativos de crianças de quase todas as épocas e nações. Talvez seja por isso que narrativas que inventam heróis, anti-heróis, super-heróis e heroínas sempre os encenem já adultos – eles são sempre não-crianças, com a exceção, talvez, de Macunaíma, que já nasce herói, ainda que sem nenhum caráter –, e que as raras memórias de seus tempos de crianças só muito recentemente comecem a adentrar as salas de cinema com o propósito de se descontruir derridianamente as imagens ideológicas de heróis que essas narrativas mobilizam
Ver menos
Abstract: Inventing a hybrid literary-textual genre – anthropophagically composed by the classical literary/musical genre called rhapsody, which links together diverse heterogeneous literary/musical traditions and styles, and by the urban popular literary/musical genre called rap, a type of...
Ver mais
Abstract: Inventing a hybrid literary-textual genre – anthropophagically composed by the classical literary/musical genre called rhapsody, which links together diverse heterogeneous literary/musical traditions and styles, and by the urban popular literary/musical genre called rap, a type of rhymed-song-poem rap(soddly) recited/sung, invented by Afro-descendant communities from formerly colonized American countries –, the purpose that guided the production of this scenic rap-poem was to provide readers with performative experiences of (um)balanced readings which we call (auto)therapeutic – in the Wittgensteinian sense – and anthropophagic, in the sense of Oswald de Andrade's Anthropophagous Manifesto. Visually, similarly to the Dada collages by Kurt Schwitters and Hans Arp, the rap-poem resembles a patchwork quilt made up of 17 disconnected aphorisms or images boxes, randomly arranged across the poem pages. In turn, such boxes refer, through hyperlinks, to videos that metonymically or rapsodically stage the plot that the rap-poem problematizes – "Oh what a laziness!" –, namely, the physiognomy and character of heroes, anti-heroes, superheroes, heroines and children. To perform the "reading" of the rap-poem, readers must choose a random path through the boxes (provided they go through them all), such as: 09 – 06 –11 – 10 – 01 – 07 – 16 –12 – 02 –15 –17 –14 – 03 – 08 –13 – 04 – 05, and click with the mouse on each one of them, according to the chosen order, in a back and forth movement between the text-image boxes and the audio-videos to which each of the boxes refer, respectively. Thus, each personalized reading of the rap-poem gives the reader a chance to engage with a (un)balanced experience in the production of meanings very different from that provided by verbalargumentative texts characteristic of the academic world, similar, however, to researches that we carried out by browsing different websites of the internet. In these (un)balanced readings, the production of meanings is based on casual analogical connections that each reader establishes in their attempts to transform disjointed images and aphorisms into a continuous and meaningful narrative. Thus, such diverse meanings should not be seen as intentional, underlying or supposedly hidden in the rap-poem, even though its production has been purposefully guided by an appeal to problematize the agonistic, competitive, violent, vengeful, strategic, cunning, and illusionist character constitutive of the almost always manichean, superhuman, masked, bellicose, macho and adult-centric images of heroes, anti-heroes, superheroes and heroines constructed throughout the histories of philosophy, literature, the arts, cinema and comics. Such images have been repeatedly mobilized and marketed as ideological formative models for children of almost all times and nations. Perhaps this is why narratives that invent heroes, anti-heroes, superheroes and heroines always enact them as adults – they are always non-children, with the exception, perhaps, of Macunaíma, who is born a hero, albeit without any character – and that the rare memories of their childhood days have only recently begun to enter movie theaters with the purpose of deconstructing, in Derrida’s sense, the ideological images of heroes that these narratives mobilize
Ver menos
Aberto
"Agora eu era herói" : uma rap(sódia) terapêutico-antropofágica audiovisual do caráter de heróis, anti-heróis, super-heróis, heroínas e crianças
Antonio Miguel, Ana Lúcia Goulart de Faria, Magda Dourado Pucci, Adriana Alves da Silva, Marcelo Vicentim
"Agora eu era herói" : uma rap(sódia) terapêutico-antropofágica audiovisual do caráter de heróis, anti-heróis, super-heróis, heroínas e crianças
Antonio Miguel, Ana Lúcia Goulart de Faria, Magda Dourado Pucci, Adriana Alves da Silva, Marcelo Vicentim
Fontes
Revista interinstitucional artes de educar (Fonte avulsa) |