Resumo: Esta dissertação se debruça sobre debates acerca das possibilidades de democracia no México entre 1968 e 1988, em meio ao longo processo de transição democrática vivido pelo país nas décadas seguintes a 1968. O estudo foi conduzido a partir da análise da produção intelectual de dois grupos distintos no escopo cronológico proposto, como surgida nas páginas das revistas Plural (1971-76), Vuelta (1976-1998), e Cuadernos Políticos (1974-1990). Para além das idas e vindas naturais aos fatos políticos e ao pensamento intelectual em um período tão abrangente, algumas conclusões importantes foram extraídas. Quanto ao primeiro grupo, formado em torno da figura de Octavio Paz (Plural e Vuelta), foi possível traçar um itinerário conceitual que se inicia pelo argumento por um socialismo democrático de corte francês, passa por uma crise conforme os eventos políticos demonstram ao grupo que o Estado mexicano é incontornável quando se trata de democratização, e termina pelo argumento em favor da "democracia sem adjetivos", interpretação do termo voltada a questões eleitorais. Já o segundo grupo (Cuadernos Políticos), de origem marxista em seu pensamento, passa por um movimento distinto. Se inicialmente argumentaram pela democratização sindical como caminho político ideal para o México de seu momento, a mudança de conjuntura ao final da década de 1970 também trouxe uma crise a partir da percepção de inviabilização desse caminho. Em resposta, os intelectuais que publicaram em Caudernos Políticos se voltaram à mobilização da sociedade civil organizada como maneira de contornar um Estado que, até aquele momento, se mostrava incontornável. O resultado desta dissertação nos permite concluir que a análise dos ideários democráticos de ambos os grupos reafirma a centralidade das décadas de 1970 e 1980 para se pensar os projetos democratizantes e a democracia eventualmente atingida no país, na medida em que foi possível traçar a genealogia de ideias que se mantêm em debate na esfera política mexicana até os dias de hoje Ver menos

Abstract: This dissertation delves into debates regarding the possibilities of democracy in Mexico between 1968 and 1988, amid the country's long process of democratic transition in the decades following 1968. The study was conducted through an analysis of the intellectual production of two distinct groups within the proposed chronological scope, as it emerged in the pages of the magazines Plural (1971-76), Vuelta (1976-1998), and Cuadernos Políticos (1974-1990). Beyond the natural ebbs and flows of political events and intellectual thought over such an extensive period, some important conclusions were drawn. Regarding the first group, formed around the figure of Octavio Paz (Plural and Vuelta), it was possible to trace a conceptual trajectory that begins with an argument for a French-style democratic socialism, then undergoes a crisis as political events reveal to the group that the Mexican state is unavoidable in matters of democratization, and ultimately culminates in an argument in favor of "democracy without adjectives," an interpretation of the term focused on electoral issues. The second group (Cuadernos Políticos), whose thought was rooted in Marxism, followed a different path. Initially advocating for union democratization as the ideal political course for Mexico at the time, the changing political context at the end of the 1970s also brought a crisis, stemming from the perception that this approach had become unfeasible. In response, the intellectuals publishing in Cuadernos Políticos turned to the mobilization of organized civil society as a way to circumvent a state that, until then, had appeared insurmountable. The findings of this dissertation allow us to conclude that the analysis of the democratic ideologies of both groups reaffirms the centrality of the 1970s and 1980s in shaping democratization projects and the democracy ultimately achieved in the country. This is because it was possible to trace the genealogy of ideas that remain at the heart of political debates in Mexico to this day Ver menos