Atravessando fronteras, crossing borders : tradução, corporalidade e escrita em Gloria Anzaldúa
Gabriel Caetano Moreira
DISSERTAÇÃO
Português
T/UNICAMP M813a
[Atravessando fronteras, crossing borders]
Campinas, SP : [s.n.], 2025.
1 recurso online (148 p.) : il., digital, arquivo PDF.
Orientador: Daniela Palma
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Instituto de Estudos da Linguagem
Resumo: Este trabalho tem como objetivo a criação de um projeto de tradução po-ético para o segundo capítulo da obra Borderlands/La Frontera: the new mestiza da escritora chicana Gloria Anzaldúa. Publicado em 1987, Borderlands emerge questões cruciais enfrentadas pela população chicana e pelas...
Ver mais
Resumo: Este trabalho tem como objetivo a criação de um projeto de tradução po-ético para o segundo capítulo da obra Borderlands/La Frontera: the new mestiza da escritora chicana Gloria Anzaldúa. Publicado em 1987, Borderlands emerge questões cruciais enfrentadas pela população chicana e pelas comunidades situadas à margem da fronteira México-EUA. No capítulo escolhido para tradução e análise desse trabalho, Movimientos de Rebeldía y Culturas que traicionan, Anzaldúa aborda as tensões territoriais e identitárias que marcam a vida de chicanas e mexicanas e aprofunda a relação entre cultura e fronteira, alicerce de sua proposta teórica. A autora transcende a denúncia das discriminações sofridas e propõe uma nova perspectiva sobre identidade, pertencimento e resistência que surge a partir da reivindicação de um espaço e uma cultura própria —"crear una nueva cultura – una cultura mestiza" (Anzaldúa, 1987, p. 22). O objetivo central da pesquisa não é somente propor uma tradução do texto, mas encontrar modos de "ir ao encontro" da escritora, reconhecendo a singularidade de sua escrita mestiza e os desafios que ela propõe àquele que traduz. Nossa proposição só é possível pois partimos do entendimento que a tradução se configura como uma relação entre culturas, sujeitos e discursos. Simultaneamente, ao evocar as fronteiras, a tradução também as ultrapassa. Para atingirmos nosso objetivo, as seguintes estratégias de tradução foram pensadas: a criação de um projeto de tradução, no qual as diretrizes políticas, éticas e poéticas (neologismo po-ético) fossem tratadas como horizonte, atrelada a perspectiva da tradução etnográfica enquanto escritas da relação (Ferreira, 2017), que se inscreve no Caderno do Tradutor como registro do encontro; a opacidade (Glissant, 2021) como uma estratégia de resistência contra as simplificações e explicações que reduzem identidades e experiências a categorias fixas. Nesse sentido, como estratégia tradutória, a opacidade foi desdobrada na não-tradução e na utilização do itálico do espanhol, náuatle e/ou variantes dialetais fronteiriças presentes na escrita, e na recusa em adotar notas de tradução, como maneiras de lidar com o estranhamento, as ambiguidades e a opacidade do texto. Como objetivos específicos, busca-se uma análise do capítulo em questão com ênfase nos elementos de corporificação da escrita, ou seja, como a autora representa a constituição do corpo por meio da escrita e da linguagem. O alicerce teórico desta pesquisa é composto pelos próprios escritos de Gloria Anzaldúa (1987), que nos ajudam a aprofundar dentro do corpo-pensamento-escrita que serpenteia sua auto-teoría; para aprofundar a relação entre tradução, alteridade e resistência, recorremos a Édouard Glissant (2021), no que tange à poética da relação e à opacidade; Tiphaine Samoyault (2020) para refletirmos sobre a violência e a ética na tradução; e Corine Tachtiris (2024) com suas perspectivas sobre processos raciais e as dinâmicas de poder que envolvem a Tradução. Buscamos também estabelecer diálogos e encontros do pensamento mestizo de Anzaldúa com a perspectiva de autores brasileiros e latino-americanos como: Conceição Evaristo (2020) e Rubén Medina (2009). Assim, desejamos, com o exercício de traduzir a escrita de Anzaldúa que ultrapassa as fronteiras, ir ao encontro da nova mestiza com o português brasileiro
Ver menos
Abstract: The aim of this work is to create a po-etic translation project for the second chapter of Borderlands/LA Frontera: the new mestiza by the Chicana writer Gloria Anzaldúa. Published in 1987, Borderlands brings to light crucial issues faced by the Chicano population and the communities on the...
Ver mais
Abstract: The aim of this work is to create a po-etic translation project for the second chapter of Borderlands/LA Frontera: the new mestiza by the Chicana writer Gloria Anzaldúa. Published in 1987, Borderlands brings to light crucial issues faced by the Chicano population and the communities on the margins of the Mexico-US border. In the chapter chosen for translation and analysis in this work, Movimientos de Rebeldía y Culturas que traicionan, the author discusses the territorial and identity tensions that mark the lives of Chicanas and Mexicanas, delving into the relationship between culture and the border, two fundamental concepts for her theoretical proposal. Gloria Anzaldúa goes beyond reporting discrimination and offers a new perspective on identity, belonging and resistance. The claim for a space of their own - expressed in the idea of "crear una nueva cultura - una cultura mestiza" (Anzaldúa, 1987, p. 22) - reflects not only a symbolic reconfiguration of Chicano identity, but also a political gesture that challenges the colonial structures that have historically silenced these voices. The central objective of the research is not only to propose a translation of the text, but above all to find a way of " encountering" the writer, recognizing the uniqueness of her mestiza writing and the challenges it poses to the translator. Our proposition is only possible once we start from the understanding that translation is configured as a relationship between cultures, subjects and discourses. Whereas translation evokes borders, it goes beyond them. In order to reach our main objective, the following translation strategies were devised: the creation of a translation project in which the political, ethical and poetic guidelines (the neologism, po-ethical) were treated as a horizon, connected to the perspective of ethnographic translation as writing of the relation (Ferreira, 2017), which is inscribed in the Translator's Handbook as a record of the encounter; the non-translation of terms in Spanish, Nahuatl and/or other dialectal variants that make up the text, as well as an ethical way (Samoyault, 2020) of dealing with the otherness and opacity of the text; and the non-use of translation notes inspired by la rebeldía in favor of strangeness. For specific objectives, the aim is to analyze the therefore chapter with an emphasis on the elements of the embodiment of writing, in other words, how Aznzaldúa constitutes her body through writing and language. The theoretical foundation of this research is based, above all, on Gloria Anzaldúa's own writings (1987), which help us to delve deeper into the body-thought-writing that winds through her auto-teoría; to delve deeper into the relationship between translation, otherness and resistance, we turn to Édouard Glissant (2021), especially with regard to the poetics of relation and opacity; Tiphaine Samoyault (2020) to reflect on violence and ethics in translation; and Corine Tachtiris (2024) with her perspectives on racial processes and the power dynamics surrounding Translation. We also sought to establish dialogues and encounters between Anzaldúa's mestiza thinking and the perspective of Brazilian and/or Latin American authors such as Conceição Evaristo (2020) and Rubén Medina (2009). Thus, with the exercise of translating Anzaldúa's writing across borders, we seek to encounter the new mestiza in Brazilian Portuguese
Ver menos
Requisitos do sistema: Software para leitura de arquivo em PDF
Aberto
Atravessando fronteras, crossing borders : tradução, corporalidade e escrita em Gloria Anzaldúa
Gabriel Caetano Moreira
Atravessando fronteras, crossing borders : tradução, corporalidade e escrita em Gloria Anzaldúa
Gabriel Caetano Moreira