Resumo: A pesquisa de mestrado teve por objetivo investigar como o home office se configurou na pandemia da Covid-19 no Brasil, em especial na categoria dos docentes e de que modo essas configurações estão marcadas pela divisão sexual do trabalho. A hipótese é de que mulheres e homens vivenciam o teletrabalho de formas distintas e que as desigualdades de gênero persistem e se aprofundam no contexto da pandemia. Também analise-se a reconfiguração do teletrabalho na pandemia da Covid-19 nos seguintes aspectos: a) jornada de trabalho: as configurações da jornada, alterações na distribuição, no controle da jornada de trabalho, na intensidade e na extensão; b) no processo e gestão do trabalho por meio de meta de produção e/ou produtividade e ritmo de trabalho; c) conciliação do trabalho produtivo com o trabalho doméstico e de cuidados; d) percepção dos teletrabalhadores sobre o trabalho a fim de identificar como eles se sentem quanto aos itens anteriores relativos às condições de trabalho, sua visão sobre a convivência familiar, conciliação, dificuldade de desconexão, o que percebem como vantagens e desvantagens dessa modalidade e as mudanças ao longo da pandemia. Todas as dimensões foram analisadas a partir de uma perspectiva que considera que as relações sociais são permeadas pela divisão sexual do trabalho. Os dados confirmam que a sobrecarga de tarefas domésticas e de cuidado recaiu majoritariamente sobre as mulheres, enquanto os homens relataram dificuldades na gestão do trabalho remunerado. O teletrabalho intensificou a carga de trabalho docente, ampliando a jornada e exigências institucionais, sem a devida compensação e que permaneceu pós pandemia. A saúde mental e física dos professores foi impactada, com relatos de estresse, ansiedade e problemas posturais. A infraestrutura doméstica influenciou a experiência do home office, com maior estresse para aqueles sem espaço adequado. Embora o modelo híbrido tenha se mantido, a maioria dos docentes retornou ao presencial, refutando previsões de ampliação do ensino remoto. A pandemia também revelou fragilidades na gestão da jornada, com docentes recebendo demandas em qualquer horário, sem controle formal. As dificuldades tecnológicas foram superadas com o tempo, mas a adaptação sem suporte adequado gerou desgaste. A experiência reforçou desigualdades preexistentes, exigindo políticas que promovam divisão equitativa do trabalho doméstico e melhores condições para o teletrabalho Ver menos

Abstract: The master's research aimed to investigate how home office has been configured during the COVID-19 pandemic in Brazil, especially in the teaching category, and how these configurations are marked by the sexual division of labor. The hypothesis is that women and men experience telework in different ways and that gender inequalities persist and deepen in the context of the pandemic. The reconfiguration of telework during the COVID-19 pandemic was also analyzed in the following aspects: a) working hours: working hours configurations, changes in distribution, control of working hours, intensity and extension; b) work process and management through production and/or productivity targets and work pace; c) reconciliation of productive work with domestic and care work; d) teleworkers' perception of work in order to identify how they feel about the previous items related to working conditions, their view on family life, conciliation, difficulty in disconnecting, what they perceive as advantages and disadvantages of this modality and the changes throughout the pandemic. All dimensions were analyzed from a perspective that considers that social relations are permeated by the sexual division of labor. The data confirm that the overload of domestic and care tasks fell mostly on women, while men reported difficulties in managing paid work. Teleworking intensified the teaching workload, extending the working day and institutional demands, without due compensation and which remained after the pandemic. The mental and physical health of teachers was impacted, with reports of stress, anxiety, and postural problems. Home infrastructure influenced the experience of working from home, with greater stress for those without adequate space. Although the hybrid model was maintained, most teachers returned to in-person teaching, refuting predictions of an increase in remote teaching. The pandemic also revealed weaknesses in the management of the workday, with teachers receiving demands at any time, without formal control. Technological difficulties were overcome over time, but adaptation without adequate support caused exhaustion. The experience reinforced preexisting inequalities, requiring policies that promote an equitable division of domestic work and better conditions for teleworking Ver menos