Resumo: A travestilidade e transexualidade referem-se às experiencias de pessoas que ao nascer tiveram seu gênero designado com base em sua genitália, mas que, com o passar do tempo, sentiram a necessidade de buscar outras performances de gênero mais alinhadas com sua identidade. Não ter o gênero em conformidade com a genitália, sair da regra heterocisnormativa, traz para essa população vivências de discriminação, muito violentas em diversas situações de suas vidas — inclusive na busca pelo cuidado em saúde. Essas situações de estresse contínuo podem levar à maior chance de adoecimento e de morte. Mesmo mais vulnerabilizadas, pessoas trans sofrem restrição de acesso a todos os níveis de atenção em saúde. Ao considerarmos a saúde como um estado de bem-estar físico, psíquico e social, é crucial compreender essas vivências para mapear as vulnerabilidades e as necessidades em saúde específicas para as pessoas travestis e transexuais. Descortinar a prestação de serviços oferecidos a elas na Atenção Básica mapeará, por sua vez, as barreiras que limitam o acesso aos cuidados em saúde. Refletir sobre esses desafios e as formas de enfrentá-los nos levará aos caminhos que potencializarão o cuidado. Essa é uma pesquisa interferência, que buscou a perspectiva da população travesti e transexual sobre seu atendimento em saúde, na cidade de Campinas, com a intenção de estimular a reflexão, numa dobra com a formação dos profissionais em serviço. A pesquisa pretendeu interpretar o fenômeno do atendimento em saúde na Atenção Básica para a população travesti e transexual, generalizando-o a partir da perspectiva dos usuários participantes. Com isso, vislumbra a possibilidade de estímulo à reflexão sobre o cuidar e ser cuidado. A interferência também fica a cargo do produto técnico (cartilha), material informativo acessível e com função de dar visibilidade aos direitos da população trans, e a negação dos mesmos dentro das instituições de saúde; além de alertar sobre as necessidades trans específicas e auxiliar na qualificação do cuidado. Se soma ao estudo, o testemunho da pesquisadora, que busca por padrões sociais compartilhados por um grupo. Nesse caso específico de estudo da população trans em situação de atendimento em saúde, o padrão está na exposição permanente à violência, na invisibilidade, na iniquidade e na marginalização. Isso aparece de forma escandalosa e reincidente durante todo o trabalho de pesquisa e de vida. A educação, muito estimulada no SUS para a qualificação dos serviços, aparece como uma ação possível, principalmente ao se levar em conta o fato de existirem, na cidade de Campinas, dois Programas bem estabelecidos de Residência médica e de Residência Multiprofissional, ambos com campos de prática atrelados a Rede de Atenção Básica Ver menos

Abstract: Travestilities and transsexuality are terms used to refer to people who, over time, no longer identify with their assigned gender based on genitalia, and seek other gender performativity. In this population, non-compliance between gender and genitalia, as an exception to hetero-cis-normativity, may cause violent discrimination in different aspects of their lives, including in their search for health care. The transgender population, an even more vulnerable group, suffer restricted access to all levels of health care. Understanding that healthcare involves physical, emotional, and social well-being, will provide the construction of strategies focusing on specific vulnerabilities and health needs for transvestites and transgender people. Exposing the care offered to this population in Primary Care will, in turn, highlight barriers in access to healthcare. Reflecting on these challenges and creating strategies will enable improvements and enhanced healthcare. This is an interference study, carried out in Campinas-SP, which aimed to investigate the perspective of the transvestite and transsexual populations regarding their healthcare, with the intention of stimulating reflection, as well as training healthcare professionals. This study aimed to interpret the phenomenon of health are in Primary Care for the transvestite and transsexual population from the perspective of the service users. Therefore, allowing the possibility of stimulating reflection on offering and receiving healthcare. The interference also dominates the technical aspect, delivering accessible information and identifying situations of denial of rights that may take place within institutions, highlighting specific trans needs and assistance in the qualification of care. The testimony of the researcher, who searches for social standards shared by a group, increases the weight of the study. In this specific study of the trans population within a healthcare situation, a predominant and permanent pattern is identified with exposure to violence, invisibility, inequality, and marginalization. This appears in an outrageous and recurrent fashion throughout their research and life’s work. Education, which is highly encouraged in the national healthcare system (SUS), appears as a possible action, particularly when considering the fact that the city of Campinas has two well-established Medical and Multiprofessional Residency Programs, both with practical training within the Primary Care Network Ver menos