Resumo: Esta dissertação visa analisar e discutir como o conceito de colonialidade de gênero, elaborado pela filósofa María Lugones, atravessa a construção narrativa e a representação das corporalidades nos filmes Pantera Negra (2018) e Capitã Marvel (2019), do Universo Cinematográfico Marvel (UCM). O arcabouço teórico que conduz a pesquisa parte dos estudos de gênero e dos debates raciais no cinema e engloba as proposições críticas dos estudos decoloniais, com ênfase na perspectiva feminista sobre a colonialidade, e a noção de colonialidade do ver, proposta por Joaquín Barriendos. O conceito de Economias de Visibilidade, de Sarah Banet-Weiser, e as discussões sobre as iterações feministas neoliberais interseccionam as análises e permitem adentrar criticamente nos modos como os enunciados sobre empoderamento e poder nesses filmes se utilizam de estratégias retóricas que privilegiam espaços basilares do sistema capitalista moderno colonial, como o exército, a esfera política, a ciência, bem como seus mitos fundadores, como a violência, a invasão, a superioridade tecnológica e militar, em um caminho que tensiona e negocia com imaginários hegemônicos sobre gênero, raça e poder. A metodologia proposta adota uma abordagem híbrida, combinando ferramentas analíticas dos campos teóricos mobilizados, como análises de representação e aparatos da análise fílmica, sob o pressuposto de que o encontro entre estes campos de discussão permite encontrar horizontes para perspectivas feministas pluriversais. Dentre as considerações finais, é notável como os corpos e as corporalidades são instâncias fundamentais para a construção de sentidos sobre gênero e colonialidade, em um caminho de negociações e desconstruções com matrizes narrativas, estereótipos e imaginários eurocêntricos e capitalistas. As distintas representações e percepções das jornadas de empoderamento para homens e mulheres revelam tanto potências como ambiguidades na própria noção de poder, revelando como esses produtos da cultura pop e seus regimes de visibilidade são espaço importantes para a construção de identidades e as disputas simbólicas nas sociedades Ver menos

Abstract: This dissertation intends to analyze and discuss how the concept of Coloniality of Gender, developed by Argentine philosopher María Lugones, intersect the narrative construction and representation of corporeality in the films Black Panther (2018) and Captain Marvel (2019), from the Marvel Cinematic Universe (MCU). The theoretical framework that guides the research is based on gender studies and racial debates in Cinema and encompasses the critical propositions of decolonial studies, with an emphasis on the feminist perspective on coloniality, and the notion of Coloniality of Seeing, proposed by Joaquín Barriendos. The concept of Economies of Visibility, by Sarah Banet-Weiser, and the discussions on neoliberal feminist iterations intersect the analyzes and allow us to critically get into the ways in which statements about empowerment and power in these films use rhetorical strategies that privilege basic spaces of the Modern/Colonial capitalist system, such as the army, the political sphere, science, as well as its founding myths, such as violence, invasion, technological and military superiority, in a path that tensions and negotiates with hegemonic imaginaries about gender, race and power. The proposed methodology adopts a hybrid approach, combining analytical tools from the mobilized theoretical fields, such as representation analysis, with tools from film analysis, under the assumption that the encounter between these fields of discussion allows us to find horizons for pluriversal feminist perspectives. Among the final considerations, it is notable how bodies and corporeality are fundamental instances for the construction of meanings about gender and coloniality, in a path of negotiations and deconstructions with narrative matrices, stereotypes and Eurocentric and capitalist imaginaries. The different representations and perceptions of empowerment journeys for men and women reveal both strengths and ambiguities in the notion of power itself, revealing how pop culture products and their visibility regimes are important spaces for the construction of identities and symbolic disputes in societies Ver menos