Resumo: Esta dissertação apresenta um processo criativo a partir de investigações sobre a palavra "baderna" e como os sentidos dessa palavra se deram no corpo do artista- pesquisador. A palavra "baderna" faz referência à bailarina Marietta Baderna (1828-1892) que, por incluir em seu repertório clássico movimentos de danças afro-diaspóricas aprendidas com os negros escravizados, dividiu públicos e opiniões entre um grupo moralmente conservador e eurocêntrico e outro grupo com ideais nacionalistas. Após incorporar em seu repertório elementos de Lundu e Batuque, a bailarina foi retirada dos palcos, não sem antes os seus seguidores se manifestarem, enquanto público, de maneira barulhenta e alvoroçada por seu retorno. Esses manifestantes passam a ser conhecidos como "os de baderna". Com o tempo, o sobrenome da bailarina passou a ser sinônimo de desordem e bagunça. Recentemente, à luz de sua história, "baderna" ganhou um sentido de resistência, mas algo nessa narrativa não é devidamente contado: os corpos-sujeitos que influenciaram Marietta. Após um estudo bibliográfico sobre os sentidos dessa palavra ao longo do tempo, enveredou-se para um processo criativo que contou com a memória da aprendizagem em dança e da improvisação que reorganiza esses aprendizados no processo de criar dança. Guiando a pesquisa pela prática e reverberando essas reflexões sobre baderna e corpos baderneiros, o artista-pesquisador se colocou em laboratório de investigação em dança refletindo sobre o corpo baderneiro em relação e criou uma síntese prática chamada Via Crucis, uma investigação em espaços de trânsito de pessoas, na qual três corporalidades são autoficcionadas: os mistérios dolorosos, os mistérios gozosos e os mistérios gloriosos do corpo. Nesta síntese prática busca-se através de uma dança autoficcionada reorganizar o corpo a partir da ação de rebolar e estabelecer relações com quem assiste onde o artista-pesquisador se afirma corpo-sujeito-dançante Ver menos

Abstract: This dissertation presents a creative process based on investigations about the word "baderna" and how the meanings of this word affected the body of the researcher-artist. The word "baderna" refers to the dancer Marietta Baderna (1828-1892) and that for including in her classical repertoire movements of afro-dances Diasporas learned from enslaved Black people, which divided audiences and opinions between a morally conservative and eurocentric group and another group with nationalist ideals. After incorporating elements of Lundu and Batuque in her repertoire, the dancer was removed from the stage, not without first having their followers express, in a noisy and tumultuous manner, their demand for her return. These protesters were named as "the ones of baderna". Over time the name of the dancer has become synonymous with disorder and mess. However, recently, in light of her story, "baderna" gained a sense of resistance, but something about this story is not properly told: the bodies-subjects that influenced Marietta. After a bibliographical study on the meanings of the word over time, the artist-researcher embarked on a creative process in which the memory of learning in dance and improvisation reorganizes such learnings in the process of creating dance. Guiding the research through practice and reverberating these reflections on the concepts of baderna and baderneiro body, besides the call of relating with other bodies, the artist-researcher created a practical synthesis called Via Crucis, an investigation in spaces of transit of people, where he autoficciona three corporalities: the painful mysteries, the joyful mysteries and the glorious mysteries of the body. In this practical synthesis, he seeks to reorganize the body through an autofictive dance based on the action of twerking and establishing relationships with those who watch, so the artist-researcher can affirm himself as body-subject-dancer Ver menos