O fio e a meada : classificação tipológica e uma história cultural da literatura de cordel
Marcus Haurélio Fernandes Farias
DISSERTAÇÃO
Português
T/UNICAMP F225f
[The thread and the skein]
Campinas, SP : [s.n.], 2024.
1 recurso online (286 p.) : il., digital, arquivo PDF.
Orientador: Alexandre Soares Carneiro
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Instituto de Estudos da Linguagem
Resumo: A literatura de cordel, reconhecida como patrimônio cultural e imaterial do Brasil, expressão que desafia fronteiras geográficas e culturais, tributária da oralidade, mas associada, quase sempre, ao folheto, é o mote deste trabalho. Estudada e classificada como um todo homogêneo, o cordel é,...
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Resumo: A literatura de cordel, reconhecida como patrimônio cultural e imaterial do Brasil, expressão que desafia fronteiras geográficas e culturais, tributária da oralidade, mas associada, quase sempre, ao folheto, é o mote deste trabalho. Estudada e classificada como um todo homogêneo, o cordel é, para uns, um gênero ou subgênero poético e, para outros, uma manifestação legítima da cultura popular brasileira. Seria, ainda, nessa perspectiva, o gênero literário brasileiro por excelência, nascido no Nordeste, em especial na área ocupada por Pernambuco e Paraíba, a partir, principalmente, da iniciativa pioneira de Leandro Gomes de Barros (1865-1918), e levado aos outros estados pelas sucessivas ondas migratórias e pela natureza diaspórica do nordestino. Mereceu, ao longo de décadas, muitas classificações, baseadas em critérios que refletiam o espírito de cada época, não encontrando, portanto, o necessário consenso. Classificações que, por vezes, quando muito, serviam de base a reelaborações futuras, como ocorre com Ariano Suassuna, que retoma as ideias de Gustavo Barroso, que abarcavam o oral e o escrito e confundiam o Cordel com o repente. Há propostas que rompem, ao menos em parte, com esses esquemas, metodologicamente falhos, casos de Candace Slater, Eduardo Diatahy de Menezes e Maria José Londres, os dois últimos tendo por base a Morfologia do conto maravilhoso, do russo Vladimir Propp. Houve, porém, um esforço revolucionário, apenas esboçado, mas que plantou as bases para um novo entendimento sobre a necessidade de uma delimitação mais consistente dos muitos gêneros abrigados sob esse caleidoscópico guarda-chuva chamado literatura de cordel. Um campo em especial, o dos romances e textos que se relacionam à memória coletiva (razão de sua permanência e maior penetração entre o público tradicional, se sobressaía na preferência dos leitores. Ruth Lemos Terra propõe, a partir desse campo, para estudo, classificação, catalogação deste grupo, o método histórico-geográfico de Aarne-Thompson (AaTh), da Escola Finlandesa de Folclore, hoje Aarne-Thompson-Uther, que, além de versões de contos de tradição oral, tem sido empregado em obras literárias, como o Livro das mil e uma noites, o Conto dos contos, entre outros. O nosso trabalho, partindo das poucas pistas deixadas por Terra, não propõe uma ruptura com as abordagens tradicionais; propõe, antes, um outro olhar sobre um importante eixo da literatura de cordel: a partir do gênero romanesco, dos poemas narrativos, inspirados especialmente nos contos de tradição oral, nas lendas hagiográficas, cujas origens são quase sempre impossíveis de precisar, propomos uma classificação que abrange a matéria literária propriamente dita, apresentando, de maneira incipiente, alguns estudos sobre os chamados temas perenes. E, partir do método comparativo, acompanhamos o percurso de algumas das mais relevantes obras do cordel, suas interfaces e seus diálogos com obras literárias de diferentes tradições
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Abstract: Cordel literature, recognized as Brazil's cultural and intangible heritage, an expression that defies geographic and cultural boundaries, and is a product of oral tradition but almost always associated with pamphlets, is the theme of this work. Studied and classified as a homogeneous...
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Abstract: Cordel literature, recognized as Brazil's cultural and intangible heritage, an expression that defies geographic and cultural boundaries, and is a product of oral tradition but almost always associated with pamphlets, is the theme of this work. Studied and classified as a homogeneous whole, Cordel is, for some people, a poetic genre or subgenre and, for others, a legitimate manifestation of Brazilian popular culture. It would also be, from this perspective, the Brazilian literary genre par excellence, born in the Northeast, especially in the area occupied by Pernambuco and Paraíba, mainly from the pioneering initiative of Leandro Gomes de Barros (1865-1918), and taken to other states by successive waves of migration and the diasporic nature of the Northeasterners. Over the decades, it has been classified in many ways, based on criteria that reflected the spirit of each era, and therefore has not found the necessary consensus. Classifications that, at times, at most, served as a basis for future reworkings, as is the case with Ariano Suassuna, who revisited the ideas of Gustavo Barroso, which encompassed the oral and the written and confused Cordel with repente. There are proposals that break, at least in part, with these methodologically flawed schemes, such as those of Candace Slater, Eduardo Diatahy de Menezes and Maria José Londres, the latter two based on Morphology of the Folktale, by the Russian Vladimir Propp. There was, however, a revolutionary effort, only sketched out, but which laid the foundations for a new understanding of the need for a more consistent delimitation of the many genres sheltered under this kaleidoscopic umbrella called literatura de cordel. One field in particular, that of novels and texts related to collective memory (which is why they have remained and are more widely used among traditional audiences), stood out in the readers' preferences. Ruth Lemos Terra proposes, from this field, for the study, classification, and cataloguing of this group, the historical-geographical method of Aarne-Thompson (AaTh), from the Finnish School of Folklore, today Aarne-Thompson-Uther, which, in addition to versions of tales from oral tradition, has been used in literary works such as The Book of the Thousand and One Nights, The Tale of Tales, among others. Our work, based on the few clues left by Terra, does not propose a break with traditional approaches; rather, it proposes another look at an important axis of Cordel Literature: starting from the novelistic genre, narrative poems, inspired especially by tales from oral tradition, in hagiographic legends, whose origins are almost always impossible to pinpoint, we present a classification that encompasses the literary subject matter properly speaking, presenting, in an incipient way, some studies on the so-called perennial themes. And, starting from the comparative method, we follow the path of some of the most relevant works of Cordel, their interfaces and their dialogues with literary works of different traditions
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O fio e a meada : classificação tipológica e uma história cultural da literatura de cordel
Marcus Haurélio Fernandes Farias
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