A mercantilização da natureza : como jornais brasileiros comunicam o mercado de carbono e suas relações com os manguezais
André Mateus Rodeguero Stefanuto
DISSERTAÇÃO
Português
T/UNICAMP St32m
[The commodification of nature]
Campinas, SP : [s.n.], 2024.
1 recurso online (140 p.) : il., digital, arquivo PDF.
Orientador: Daniela Tonelli Manica
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Instituto de Estudos da Linguagem
Resumo: O mercado de carbono visa a geração e a comercialização de créditos de carbono a partir de projetos de reflorestamento ou de conservação de ecossistemas, objetivando reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa. Contudo, essa prática acumula controvérsias, como a redução de...
Ver mais
Resumo: O mercado de carbono visa a geração e a comercialização de créditos de carbono a partir de projetos de reflorestamento ou de conservação de ecossistemas, objetivando reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa. Contudo, essa prática acumula controvérsias, como a redução de conjecturas complexas a meras unidades monetárias de carbono, resultando na mercantilização dos ecossistemas e na desconsideração de componentes socioambientais. Apesar disso, projetos são voluntariamente implementados e planejados por empresas em muitos ecossistemas brasileiros, incluindo manguezais, que, por acumularem grande quantidade de carbono, são vistos como ambientes promissores para esse mercado. Nesse cenário, o jornalismo tem um papel importante na informação do público e ampliação do debate sobre o tema, podendo influenciar decisões políticas a seu respeito. Sendo assim, o objetivo desta pesquisa foi compreender como o mercado de carbono e sua relação com os manguezais foram comunicados no jornalismo, entre maio de 2022 e novembro de 2023, observando aspectos econômicos, políticos e socioambientais. Foram analisadas publicações de veículos especializados em temas ambientais (O Eco), sociais (Brasil de Fato) e econômicos (Valor Econômico) e em um jornal generalista (Folha de S.Paulo). Os textos foram analisados sob as perspectivas da Análise de Conteúdo, utilizando a leitura extensiva e procedimentos computacionais em linguagem R, como a contagem de termos e análises baseadas na coocorrência deles. Explorou-se como os textos abordaram a apresentação do conceito de mercado de carbono, a presença do mercado na arena política, sua interseção com as esferas da sustentabilidade e o conteúdo sobre o tema. O Valor Econômico e a Folha de S.Paulo representaram quase 90% das publicações e, no geral, a abordagem desses veículos apresentou questões ambientais de forma reducionista, frequentemente utilizadas como justificativa para preconizar atributos econômicos e para dar centralidade à commodity carbono. Em contraste, o Brasil de Fato publicou os textos que mais problematizaram as práticas do mercado de carbono, assim como os textos de O Eco, ainda que, neste caso, de forma menos acentuada. Um segundo conjunto de análises foi responsável por, inicialmente, contabilizar os ambientes com os quais o mercado de carbono foi relacionado, com destaque para os manguezais. Esse levantamento revelou um predomínio do bioma amazônico e criou um parâmetro quantitativo para os manguezais, que representaram 0,5% das relações, observadas em quatro textos distintos. Esses textos foram individualmente explorados. O primeiro texto, publicado em O Eco, problemáticas socioambientais na relação entre o mercado de carbono e os manguezais foram evidentes. Em textos publicados no Valor Econômico (2) e na Folha de S.Paulo (1), observou-se uma inserção secundária e descritiva dos manguezais. No geral, questões ambientais apresentaram posicionamentos periféricos na cobertura do mercado de carbono, perpetuando uma lógica reducionista e centrada em aspectos financeiros. A partir disso, é necessário refletir sobre o papel que o jornalismo apresenta frente às supostas soluções das mudanças climáticas. Uma comunicação responsável deve considerar a complexidade e a sensibilidade dos ecossistemas afetados, bem como a sociobiodiversidade a eles associada, sem que as agendas financeiras ditem a narrativa
Ver menos
Abstract: The carbon market focuses on generating and trading carbon credits through projects involving ecosystem reforestation or conservation, to reduce global greenhouse gas emissions. However, this practice is surrounded by controversies, such as the reduction of complex conjectures to mere...
Ver mais
Abstract: The carbon market focuses on generating and trading carbon credits through projects involving ecosystem reforestation or conservation, to reduce global greenhouse gas emissions. However, this practice is surrounded by controversies, such as the reduction of complex conjectures to mere monetary units of carbon, which leads to the commodification of ecosystems and the disregard for essential socio-environmental components. Despite these concerns, projects are voluntarily implemented and planned by companies across many Brazilian ecosystems, including mangroves, which are considered promising for the carbon market due to their significant carbon storage capacity. In this context, journalism plays an important role in informing the public and expanding the debate on the topic, potentially influencing political decisions. Thus, this research aimed to comprehend how the carbon market and its relationship with mangroves were communicated in journalism from May 2022 to November 2023, focusing on economic, political, and socio-environmental aspects. Publications were analyzed from specialized outlets on environmental issues (O Eco), social matters (Brasil de Fato), and economic topics (Valor Econômico), as well as a general newspaper (Folha de S.Paulo). The texts were explored from the Content Analysis perspective, through extensive reading and computational techniques in R language, such as term counting and co-occurrence analyses. The research explored how the texts addressed the concept of the carbon market, its presence in the political arena, its intersection with sustainability issues, and the content about the topic. Valor Econômico and Folha de S.Paulo accounted for nearly 90% of the publications, and overall, their approach presented environmental issues in a reductionist manner, often using them to justify and promote economic attributes and emphasize carbon as a commodity. In contrast, Brasil de Fato published the most critical content of the carbon market, alongside those from O Eco, although in this case, to a lesser extent. A second set of analyses focused on identifying the environments associated with the carbon market, with an emphasis on mangroves. This survey revealed a predominance of the Amazon biome and established a quantitative parameter for mangroves, which represented 0.5% of the relationships observed in four distinct texts. These texts were examined individually. The first text, from O Eco, clearly highlighted socio-environmental issues related to carbon market initiatives in mangrove ecosystems. In contrast, texts from Valor Econômico (2) and Folha de S.Paulo (1), showed a secondary and descriptive insertion of mangroves. Overall, environmental issues were often marginalized in the coverage of the carbon market, reinforcing a reductionist and financially focused perspective. Therefore, it is necessary to reflect on journalism’s role concerning claimed solutions to climate change. Responsible communication must consider the complexity and sensitivity of the affected ecosystems, as well as the sociobiodiversity associated with them, without allowing financial agendas to shape the narrative
Ver menos
Requisitos do sistema: Software para leitura de arquivo em PDF
Aberto
A mercantilização da natureza : como jornais brasileiros comunicam o mercado de carbono e suas relações com os manguezais
André Mateus Rodeguero Stefanuto
A mercantilização da natureza : como jornais brasileiros comunicam o mercado de carbono e suas relações com os manguezais
André Mateus Rodeguero Stefanuto