Resumo: Durante a década de 1970, período de intensa repressão e perseguição a todos que, de uma maneira ou de outra, se opunham ao regime militar, a crítica velada tornou-se procedimento recorrente na letra das canções de alguns compositores ligados ao segmento identificado como "MPB". O presente trabalho se propõe a desvendar como se construíram os sentidos expressos no conteúdo dessas canções tanto por meio das interações entre melodia e letra quanto de sua materialização por meio do canto. Para tanto, foram selecionados dez fonogramas de compositores pertencentes a esse recorte específico, os quais foram submetidos à escuta atenta, resultando em dez análises, esboçadas no corpo desta pesquisa. Os referenciais teóricos que nos serviram de norte na elaboração das análises foram a Semiótica da Canção, de Luiz Tatit, e a Análise Semiótica do Canto Popular, modelo desenvolvido por Regina Machado a partir da obra daquele. A essas práticas analíticas acrescentamos um terceiro ponto de vista, baseado no conceito de ‘forma musical versus força entoativa’, recentemente incluídos nos escritos de Tatit e que têm origem na Semiótica Tensiva, de Claude Zilberberg Ver menos

Abstract: During the 1970s, a period of intense repression and persecution to all those who, in one way or another, opposed to the military regime, veiled criticism became a recurrent practice in the lyrics of songs by some composers belonging to the segment identified by the acronym "MPB". This study aims to unravel how the meanings expressed in the contents of these songs were constructed, both through the interactions between melody and lyrics and their actualization through singing. To this end, ten phonograms from composers belonging to this specific genre were selected, which were subjected to careful listening, resulting in ten analyses, outlined in this research. The theoretical references that guided our analyses were the Semiotics of Song, by Luiz Tatit, and the Semiotic Analysis of Popular Singing, a model developed by Regina Machado, based on Tatit’s work. In addition to these analytical practices, we incorporated a third perspective, based on the concept of ‘musical form versus intonational force’, recently integrated into the writings of Luiz Tatit and which stems from Claude Zilberberg’s tensive semiotics Ver menos