Resumo: Esta pesquisa teve como tema os processos criativos musicais mediados por tecnologias, analisados por meio da realização de uma auto-etnografia. Submetendo o pesquisador à experiência criativa com mediação tecnológica, esta poderia ser então autoetnografada e produzir reflexões com vistas ao debate mais geral em torno desses processos. Assim, propusemo-nos a realizar dois desses processos: a produção musical em estúdio e o design de DMIs - sigla para digital musical instruments - numa continuidade, ou seja, a realização de uma produção musical em estúdio que contemplasse o uso de DMIs, desenvolvidos também na pesquisa. Ou seja, desenvolvemos DMIs e observamos o modo com que se embrenham no estúdio, interagindo com instrumentos musicais de outra espécie, por assim dizer. Com isso, observamos a experiência do design e a experiência da produção musical numa continuidade, somando os insights que cada um desses pontos de vista tem a oferecer a respeito do outro. Ou seja, de um lado, situamos o design no interior de um processo de produção musical, colocando o DMI em ação de forma contextualizada, para elucidar questões sobre o próprio processo de design; e de outro, situamos a produção musical com DMIs, para elucidar questões sobre o próprio processo de produção musical, já que esses instrumentos tensionam seus limites. As referências que trazemos reiteram que os processos criativos mediados por tecnologias carregam consigo fatores que se estendem para muito além das questões relacionadas ao paradigma tradicional da musicologia, herdeiro da tradição tecno-científica ocidental e ligado à parametrização da música, por meio da partitura e da análise formal-estrutural. A tecnologia está presente o tempo todo nesses processos, mas não tanto como uma apropriação dos humanos, ela tem uma certa autonomia que confere a esses processos um caráter essencialmente imprevisível e cujo resultado criativo é uma emergência das interações que acontecem entre os envolvidos no processo Ver menos

Abstract: The theme of this research is musical creative processes mediated by technologies, analyzed through an auto-ethnography. By subjecting the researcher to a creative experience with technological mediation, this could then be autoethnographed and produce reflections with a view to the more general debate around these processes. Therefore, we proposed to carry out two of these processes: studio music production and the design of DMIs - acronym for digital musical instruments - in a continuity, that is, the realization of a musical production in a studio that included the use of DMIs also developed in research. In other words, we develop DMIs and observe the way they immerse themselves in the studio, interacting with musical instruments of another kind, so to speak. With this, we observe the experience of design and the experience of music production in a continuum, adding the insights that each of these points of view has to offer regarding the other. In other words, on the one hand, we place our design within a music production process, putting the DMI into action in a contextualized way, to elucidate questions about the design process itself; and on the other, we situate musical production with DMIs, to elucidate questions about the music production process itself, since these instruments strain its limits. The references we bring reiterate that creative processes mediated by technologies carry with them factors that extend far beyond issues related to the traditional paradigm of musicology, heir to the Western techno-scientific tradition and linked to the parameterization of music, through the score and the formal-structural analysis. Technology is present all the time in these processes, but not so much as an appropriation by humans, it has a certain autonomy that gives these processes an essentially unpredictable character and whose creative result is an emergence of the interactions that take place between those involved in the process Ver menos