Resumo: Modelos animais são considerados essenciais para compreender os mecanismos que estão envolvidos no desenvolvimento de doenças emocionais, metabólicas e cardiovasculares, bem como sua relação com o estresse. Porém, considerando que métodos de monitoramento dos parâmetros cardiovasculares, que requerem manejo, aquecimento e restrição, podem influenciar negativamente a precisão e reprodutibilidade dos dados, um dos objetivos deste estudo foi avaliar a hipótese de que animais expostos ao modelo de estresse crônico moderado e imprevisível (ECMI), monitorados por pletismografia, poderiam apresentar medidas de pressão arterial sistólica (PAS) e de frequência cardíaca (FC) diferentes daqueles monitorados por telemetria. Adicionalmente, considerando a importância de compreender se intervenções ambientais, como o enriquecimento ambiental (EA), poderiam amenizar os efeitos negativos do estresse crônico, foi também estudado o efeito do EA sobre as respostas cardiovasculares e autonômicas de ratos expostos ao ECMI. Foram utilizados ratos machos, Sprague- Dawley, livre de patógenos específicos, com 2 meses de idade e peso entre 250 e 300 gramas, e os resultados foram organizados em 2 artigos. No artigo 1, trinta e oito animais foram utilizados e divididos em quatro grupos experimentais: controle-telemetria, ECMI-telemetria, controle-pletismografia e ECMI-pletismografia. Os animais foram monitorados por telemetria ou pletismografia durante as 6 semanas do protocolo experimental, e submetidos ao ECMI durante as semanas 2, 3 e 4. Quinze dias após aplicação do ECMI os animais foram eutanasiados para determinação dos níveis de corticosterona plasmática. Animais submetidos ao ECMI apresentaram níveis elevados de corticosterona plasmática em comparação ao seu respectivo grupo controle, porém, não houve efeito do método sobre os níveis de corticosterona em animais submetidos ou não ao ECMI. A média da PAS e da FC dos animais controle ou estressados, monitorados por pletismografia, foi significativamente maior em determinadas semanas do protocolo experimental em comparação aos monitorados por telemetria. No artigo 2, outros 21 animais com implantes radiotelemétricos inseridos na aorta descendente foram distribuídos nos grupos: controle, ECMI, EA e EA + ECMI. O EA foi realizado durante sete semanas, 5 vezes por semana, 2 horas por dia, enquanto o ECMI foi aplicado nas semanas 3, 4 e 5. Após quinze dias de aplicação do ECMI, os animais foram submetidos à eutanásia e avaliados quanto à concentração plasmática de corticosterona, à modulação autonômica cardíaca, os parâmetros cardiovasculares e à atividade locomotora. O ECMI aumentou a concentração de corticosterona plasmática, a variabilidade da pressão arterial sistólica (VPAS) e diminuiu a variabilidade da frequência cardíaca (VFC). Além disso, aumentou a pressão arterial média (PAM), no período escuro, a FC e a atividade locomotora no período claro. Por outro lado, o EA impediu o aumento da concentração de corticosterona plasmática, da FC e da VPAS, aumentou a VFC, a modulação parassimpática e reduziu a modulação simpática. Os resultados obtidos neste estudo sugerem que, no contexto do estresse crônico, as metodologias, mesmo que minimamente invasivas e que permitem o condicionamento dos animais, interferem sobremaneira nos resultados de avaliação da pressão arterial. Além disso, mostram que o enriquecimento ambiental, usado como uma estratégia não farmacológica, reduziu os efeitos negativos induzidos pelo estresse crônico Ver menos

Abstract: Animal models are considered essential to understanding the mechanics involved in the development of emotional, metabolic, and cardiovascular diseases, as well as their relationship with stress. However, considering that methods of monitoring cardiovascular parameters, which require handling, heating and restriction, can negatively influence the accuracy and reproducibility of the data, one of the objects of study was to evaluate the hypothesis that animals subjected to the unpredictable mild chronic stress (CMS) model, monitored by tail plethysmography, could present systolic blood pressure (SBP) and heart rate (HR) measurements different from those monitored by telemetry. Additionally, considering the importance of understanding whether environmental interventions, such as environmental enrichment (EE), could mitigate the negative effects of chronic stress, was also studied the effect of EE on the cardiovascular and autonomic responses of rats exposed to CMS. Rats male, Sprague-Dawley, specific pathogens free with 2 moths and weight between 250 and 300 g were used, and the results were organized into 2 articles. In article 1, thirty-eight animals were used and divided into four experimental groups: control-telemetry, CMS-telemetry, control-plethysmography and CMS-plethysmography. The animals were monitored during 6 weeks of the experimental protocol, and submitted to the CMS in weeks 2, 3 and 4. Fifteen days after CMS, the animals were euthanized for determination of plasma corticosterone concentration. Animals submitted to CMS presented higher plasma corticosterone levels in comparison with respective control group, however, there was no effect of the method on corticosterone levels in animals subjected or not to CMS. The mean SBP and HR of control or stressed animals, monitored by plethysmography, was significantly higher in certain weeks of the experimental protocol compared to those monitored by telemetry. In article 2, another twenty-one animals with radiotelemetric implants inserted in abdominal aorta were distributed in the groups: control, CMS, EE and EE + CMS. EE was performed for seven weeks, 5 times a week, 2 hours a day, while CMS was performed at 3, 4 and 5 weeks. After 15 days of CMS application, the animals were euthanized and evaluated for plasma corticosterone concentration, cardiac autonomic modulation, cardiovascular parameters and locomotor activity. The CMS increased the concentration of plasma corticosterone, the systolic arterial pressure variability (SAPV), and decreased the heart rate variability (HRV). In addition, it increased mean blood pressure (MAP), in dark period, HR, and locomotor activity in light period. On the other hand, EE prevented the increase in plasma corticosterone, HR, and SAPV, increased HRV, parasympathetic modulation, and decreased sympathetic modulation. The results obtained in this study suggest that in the context of chronic stress, methodologies, even if minimally invasive and allowing the conditioning of animals, greatly interfere in the results of blood pressure assessment. Furthermore, they show that environmental enrichment, used as a non-pharmacological strategy, reduced the negative effects induced by chronic stress Ver menos