Características clínicas, genéticas e reconhecimento dos distúrbios de movimento paroxísticos
Claudio Melo de Gusmão
TESE
Multilíngua
T/UNICAMP G972c
[Clinical genetic characteristics and recognition of paroxysmal movement disorders ]
Campinas, SP : [s.n.], 2024.
1 recurso online (181 p.) : il., digital, arquivo PDF.
Orientadores: Laura Silveira Moriyama, Ana Carolina Coan
Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Faculdade de Ciências Médicas
Resumo: Introdução: Os distúrbios de movimento paroxísticos são doenças raras, de início na infância e frequentemente genéticas. São condições usualmente tratáveis, separadas pela fenomenologia (discinesias paroxísticas e ataxias episódicas). No entanto, há sobreposição de sintomas. Na realidade...
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Resumo: Introdução: Os distúrbios de movimento paroxísticos são doenças raras, de início na infância e frequentemente genéticas. São condições usualmente tratáveis, separadas pela fenomenologia (discinesias paroxísticas e ataxias episódicas). No entanto, há sobreposição de sintomas. Na realidade brasileira, com acesso heterogêneo à testagem genética e poucos neurologistas especializados em distúrbios de movimento, estes pacientes podem ser submetidos a investigações custosas e infrutíferas, com manejo ineficaz. Objetivos: Determinar achados clínicos que auxiliem no diagnóstico diferencial e manejo dos distúrbios de movimento paroxísticos; investigar o panorama dos distúrbios de movimento paroxísticos no Brasil, do ponto de vista clínico e genético. Materiais e Métodos: (1) Revisão da literatura sumarizando informações para o manejo prático dos distúrbios do movimento paroxísticos; (2) análise fenotípica detalhada de casos demonstrando achados sugestivos de determinados diagnósticos genéticos; (3) análise estatística de casos publicados com ataxia episódica (AE1 e AE2) para determinar a acurácia diagnóstica de achados clínicos; (4) pesquisa transversal visando determinar o nível de conhecimento de neurologistas brasileiros sobre discinesias paroxísticas e ataxias episódicas; (5) análise retrospectiva de variantes genéticas nos genes KCNA1 e CACNA1A na população brasileira reportadas por um laboratório de referência. Resultados: Nas discinesias paroxísticas, a revisão da literatura permitiu publicar dois artigos de revisão sumarizando informações práticas sobre o manejo. Adicionalmente, reportamos alguns achados sugestivos de determinadas condições com tratamento específico, como a cataplexia distônica (variante pN995S no gene KCNMA1), discinesia paroxística noturna (gene ADCY5) e discinesia induzida por exercício com alterações na neuroimagem e razão lactato/piruvato normal (deficiência de piruvato desidrogenase). Nas ataxias episódicas, não havia dados suficientes para recomendações empíricas. Nossa revisão sistematizada de casos publicados identificou achados úteis para o diagnóstico diferencial, como a presença de gatilhos cinesiogênicos (68.4% AE1 vs. 4.4% AE2 , p<0.001), sexo feminino (61.7% AE1 vs. 44.1% AE2, p = 0.004), idade de início (7 anos em AE1; IQR [4-10] vs. 10 anos em AE2, IQR [5-14.5], p = 0.011), ataques frequentes (diários em AE1 em 37.9% vs. 16.4% em AE2, p = 0.001), menor duração (<10 min em 75.3% de casos com AE1 vs. 5.6% em AE2 p < 0.001) e responsividade à acetazolamida (remissão parcial ou completa em 85.9% AE2 vs. 51.5% em AE1, p<0.001). Cerca de 58% neurologistas brasileiros já acompanhou pelo menos 1 paciente com discinesia paroxística e 46% pelo menos 1 paciente com ataxia episódica. Cerca de 79% indicaram desconforto no manejo empírico destas condições e apenas 17% indicaram corretamente os genes associados a estes fenótipos. Em análise do repositório do maior laboratório genômico do Brasil, nenhuma variante patogênica em KCNA1 foi identificada no período do estudo. Das 5 variantes em CACNA1A mais frequentemente reportadas na literatura, 3 foram reportadas em pacientes brasileiros. Conclusão: Existem diferenças clínicas que podem ser úteis no reconhecimento de diferentes transtornos paroxísticos do movimento, na ausência de testagem genética. Embora estas condições sejam tratáveis, os dados da realidade brasileira sugerem desconhecimento e desconforto no manejo. Promover atividades educativas e o estudo destas condições no cenário brasileiro poderá disseminar melhores práticas na abordagem clínica destas condições
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Abstract: Introduction: Paroxysmal movement disorders are rare, early-onset disorders with a high genetic burden. They are generally treatable and subdivided according to phenomenology (paroxysmal dyskinesias and episodic ataxia), notwithstanding overlapping clinical symptoms. In Brazil, where...
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Abstract: Introduction: Paroxysmal movement disorders are rare, early-onset disorders with a high genetic burden. They are generally treatable and subdivided according to phenomenology (paroxysmal dyskinesias and episodic ataxia), notwithstanding overlapping clinical symptoms. In Brazil, where access to genetic testing is difficult and there is a shortage of movement disorder neurologists, these patients may subject to costly nondiagnostic investigations and suboptimal management. Objectives: To determine clinical findings that are helpful in the differential diagnosis and management of paroxysmal movement disorders; to investigate the scenario of paroxysmal movement disorders in Brazil, at the clinical and genetic levels. Materials and Methods: (1) Literature review summarizing practical management recommendations for paroxysmal movement disorders; (2) detailed phenotypic analysis of paroxysmal movement disorder cases eliciting suggestive findings of a particular diagnosis; (3) statistical analysis of published cases of episodic ataxia types 1 and 2 (EA1 and EA2) to determine the diagnostic accuracy of specific clinical findings; (4) cross-sectional investigation of awareness and clinical knowledge regarding paroxysmal movement disorders among Brazilian neurologists; (5) retrospective analysis of pathogenic variants in KCNA1 and CACNA1A encountered in Brazilian individuals and reported in a reference lab. Results: Our literature review provided practical management information of paroxysmal dyskinesias, summarized in two published review papers. Additionally, we reported on clinical findings suggestive of specific diagnoses, such as dystonic cataplexy (N995S variant in the KCNMA1 gene), nocturnal dyskinesias (ADCY5 gene) paroxysmal dyskinesia with neuroimaging changes and normal lactate/pyruvate ratio (pyruvate dehydrogenase deficiency. There were no data in the literature to inform an empirical approach to the episodic ataxias. Our review of published EA cases indicated statistically significant findings that aid in the differential diagnosis, such as the presence of kinesigenic triggers (68.4% EA1 vs. 4.4% EA2 , p<0.001), female sex (61.7% EA1 vs. 44.1% EA2, p = 0.004), lower age of onset (7 yo EA1; IQR [4-10] vs. 10 yo EA2, IQR [5-14.5], p = 0.011), frequent attacks (daily in EA1 37.9% vs. 16.4% EA2, p = 0.001), short duration (<10 min in 75.3% EA1 vs. 5.6% EA2; p < 0.001) and acetazolamide responsiveness ( partial or complete remission in 85.9% of EA2 cases vs. 51.5% in EA1, p<0.001). Approximately 58% of Brazilian neurologists endorsed following at least one patient with paroxysmal dyskinesia and 46% at least one patient with episodic ataxia in their careers. Nevertheless, 79% expressed discomfort managing these conditions and only 17% were able to determine the correct genes associated with these conditions. During the period of our study, no variant in KCNA1 was reported in the repository of the largest genomic analyses laboratory in Brazil. Of the 5 CACNA1A most frequently reported variants in the international literature, 3 were encountered in Brazilian individuals. Conclusion: There are useful clinical differences when recognizing distinct paroxysmal movement disorders, even when genetic testing is unavailable. Albeit treatable, these conditions remain unbeknownst to most Brazilian neurologists. Promoting educational activities and investigating these conditions in the Brazilian setting may disseminate best practices when approaching these conditions
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Aberto
Silveira-Moriyama, Laura, 1976-
Orientador
Coan, Ana Carolina, 1980-
Coorientador
Kok, Fernando
Avaliador
Barbosa, Egberto Reis
Avaliador
Rodrigues, Marcelo Masruha
Avaliador
Reis, Fabiano, 1975-
Avaliador
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Claudio Melo de Gusmão
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