Desnaturalizando o meio ambiente : um olhar para o dispositivo meio ambiente em artigos de educação ambiental
Maria Clara Rodriguez Sosa
DISSERTAÇÃO
Português
T/UNICAMP R618d
[Denaturalizing the environment]
Campinas, SP : [s.n.], 2024.
1 recurso online (102 p.) : il., digital, arquivo PDF.
Orientador: Ana de Medeiros Arnt
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Instituto de Física Gleb Wataghin
Resumo: Este trabalho reflete sobre a utilização do conceito de meio ambiente em trabalho de educadores e educadoras ambientais. Procuro entender a rede de relações de forças e poderes ao redor dos saberes ambientais, e quais discursos são carregados e atualizados nas práticas de educação ambiental....
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Resumo: Este trabalho reflete sobre a utilização do conceito de meio ambiente em trabalho de educadores e educadoras ambientais. Procuro entender a rede de relações de forças e poderes ao redor dos saberes ambientais, e quais discursos são carregados e atualizados nas práticas de educação ambiental. O objetivo foi analisar artigos de educadores e educadoras ambientais que falam sobre o meio ambiente, de forma a compreender quais discursos sobre meio ambiente estão presentes em práticas e narrativas de educação ambiental. Para isso, fiz uma análise documental, utilizando artigos de eventos acadêmicos, sendo eles: ENPEC e EPEA, de 2015 a 2019. As análises foram realizadas a partir de teorizações dos estudos decoloniais e foucaultianos. Os estudos decoloniais basearam a ideia de que vivemos dentro de uma lógica etnocentrada no conhecimento e tradição ocidental moderna. Defendo, portanto, a análise dessas teias para que possamos buscar novas maneiras de conhecer o mundo e, também, valorizar o conhecimento de outras culturas que são relegadas ao lugar de outro. Os estudos foucaultianos fundamentaram: a construção do dispositivo meio ambiente, e esse olhar para as redes de relações de força e poder; a discussão sobre os regimes de verdade e sua construção social e histórica; a negação de verdades teleológicas; e, por fim, meu próprio olhar analítico de refletir acerca do dito, e do cenário histórico no qual estamos inseridos. Ao construir o dispositivo meio ambiente, tornou-se possível olhar para esse objeto em diversas esferas diferentes, tais como de produção de conhecimentos e produção de sujeitos. O dispositivo meio ambiente emerge com a Conferência de Estocolmo de 1972. A urgência que estava sendo respondida naquele momento era a de lidar com a crescente degradação ambiental, as preocupações de não haver "recursos" suficientes para sustentar o mundo e o mercado, como havia sido construído. É a partir de tal conferência que o meio ambiente torna-se pauta nos governos de todo mundo e se impõe como conceito a ser conhecido por todos. Atualmente, temos saberes sobre meio ambiente, comportamentos certos e errados em relação ao meio ambiente, temos uma série de legislações e instituições que se debruçam sobre esse objeto. A ideia de meio ambiente está tão entranhada no conhecimento científico que parece sempre ter existido. Contudo, através das problematizações de discursos, pretendo mostrar a sua construção e sua relação com a governamentalidade. Em suma, com base nas discussões e análises teóricas, observamos a predominância de alguns discursos, tais como: a sustentabilidade, as problemáticas ambientais, as categorias possíveis de se entender meio ambiente. Através desses discursos, foi possível perceber como estes constituem o conhecimento validado acerca do meio ambiente e também como constituem a formação de sujeitos ambientais. O presente trabalho abriu possibilidades de análises através da noção do dispositivo meio ambiente em outras áreas de saber e poder, de forma a ampliar ainda mais o conhecimento sobre as relações de poder em torno do meio ambiente e de encontrar ainda mais formas de decolonizar esse conhecimento. O trabalho apresentou como resultados: o diálogo entre a vertente decolonial e foucaultiana, a produção de artigos teóricos de perspectiva decolonial, e mais elementos para a constituição do dispositivo meio ambiente
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Abstract: This research reflects on the environment's concept usage among environmental educators. We sought to understand strength and power relations about environmental knowledge and understand what discourses are used in environmental education work. This research aims to analyze articles by...
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Abstract: This research reflects on the environment's concept usage among environmental educators. We sought to understand strength and power relations about environmental knowledge and understand what discourses are used in environmental education work. This research aims to analyze articles by environmental educators that have studied the environment to understand what are the discourses about the environment in environmental education’s work. For that, we did a document analysis, using articles on the following academic events between 2015 and 2019: ENPEC and EPEA. The analysis was made by theorizing the Decolonial and Foucaltian studies. Decolonial's research is grounded in the idea that we live in an ethnocentric logic of knowledge and modern Occidental tradition. We advocate the analysis of this logic web to seek new ways to know the world and value the knowledge of other cultures that are considered the Other. Foucaultian's studies stated: the construction of the environmental dispositive, the attention to the relation of strength and power web; the debate about the regime of truth and its social and historical construction; the denial of teleological truths; our analytical perspective about what had been said, and the historical context that we are. Through the construction of the environment, dispositive becomes possible to look at this subject through different scopes as the making of knowledge and the subjects. The environmental dispositive emerged with the Stockholm Conference in 1972. At that moment, there was an urge to deal with the growing environmental degradation. The concerns of not having enough "resources" to sustain the world and market due to how they were developing. From the Stockholm Conference, the environment became an agenda in governments around the world, and it has been imposed as a concept that everyone must know. Currently, we know the environment, the right, and wrong behaviors concerning it. Besides that, we have many laws and institutions that are focused on that subject. The concept of environment is deeply intertwined in the scientific knowledge that seems it was always there. However, we will show its construction and relation to Governmentality by questioning some accounts. In conclusion, grounded on the theoretical debates and analysis, we noted the predominance of some discourses, such as sustainability, the environmental problem, and possible categories to understand the environment. Through this account was possible to realize how those constitute an endorsed knowledge about the environment and education of environmental subjects. Meanwhile, possibilities of analysis opened through the concept of environment dispositive in other areas of knowledge and power, amplifying the knowledge about power relations among the environment and finding more ways to decolonize it. The work presented as results: the dialogue between the decolonial and Foucaultian aspects, the production of theoretical articles from a decolonial perspective, and more elements for the constitution of the environment dispositive
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Requisitos do sistema: Software para leitura de arquivo em PDF
Aberto
Arnt, Ana de Medeiros, 1977-
Orientador
Henning, Paula Corrêa
Avaliador
Sampaio, Shaula Maíra Vicentini de
Avaliador
Valdanha Neto, Diógenes, 1988-
Avaliador
Desnaturalizando o meio ambiente : um olhar para o dispositivo meio ambiente em artigos de educação ambiental
Maria Clara Rodriguez Sosa
Desnaturalizando o meio ambiente : um olhar para o dispositivo meio ambiente em artigos de educação ambiental
Maria Clara Rodriguez Sosa