Comunicação e estudos multiespécies diante do Antropoceno : o caso dos sapos
Natalia Aranha de Azevedo
DISSERTAÇÃO
Português
T/UNICAMP Az25c
[Communication and multispecies studies in the face of the Anthropocene]
Campinas, SP : [s.n.], 2024.
1 recurso online (125 p.) : il., digital, arquivo PDF.
Orientador: Susana Oliveira Dias
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Instituto de Estudos da Linguagem
Resumo: Sim, eu amo sapos. Cururu, sapo-martelo, rãzinha-assobiadora, perereca-de-folhagem, perereca-de-colete, rãzinha-de-folhiço, sapinho-pingo-de-ouro… E esse amor me levou a pesquisar e criar maneiras de coabitar com os sapos. Reconhecendo o risco de extinção desses animais, penso nos sapos como...
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Resumo: Sim, eu amo sapos. Cururu, sapo-martelo, rãzinha-assobiadora, perereca-de-folhagem, perereca-de-colete, rãzinha-de-folhiço, sapinho-pingo-de-ouro… E esse amor me levou a pesquisar e criar maneiras de coabitar com os sapos. Reconhecendo o risco de extinção desses animais, penso nos sapos como minhas espécies companheiras, buscando não pensar ou escrever somente sobre eles, mas com eles. Dessa forma, aprofundo-me em seus modos de vida por meio de leituras científicas, laboratórios, trabalhos de campo, das artes e colaborações com autores de diferentes áreas, especialmente Donna Haraway, Anna Tsing e Silvio Ferraz. Essa imersão revelou interconexões entre formas de vida, resultando em um trajeto-pesquisa interdisciplinar que busca sensibilizar para a importância dos sapos e de outros seres silenciados. Diante do Antropoceno, não é suficiente investir em uma comunicação que faça apenas denúncias dos impactos das atividades humanas nas vidas desses animais. É preciso engajar o público num aprendizado sobre o que pode ser comunicar e escutar frente aos meios massificados de comunicação. Neste trabalho, convidamos o público a se deixar afetar pelos modos de vida dos sapos, como forma de levar a sério a saída de um pensamento dicotômico, que nos leva a pensar-viver-sentir desde dentro das separações entre organismos e meios, naturezas e culturas, artes e ciências. O convite é para nos sentirmos como parte de uma rede de interações multiespécies. Para experimentar essas possibilidades nos envolvemos em "mesas de trabalho com anfíbios", criadas a partir da articulação entre as práticas dos herpetólogos do Laboratório de História Natural dos Anfíbios Brasileiros (LaHNAB), os materiais disponibilizados pela Fonoteca Neotropical Jacques Vielliard (FNJV), obras de artistas (Rosana Torralba, Silvana Sarti, Jaime Reimer, Cildo Meireles, Breno Filo e Mauro Tanaka), os estudos multiespécies (Haraway, 2021; Tsing, 2019) e as experiências do grupo de pesquisas multiTÃO: prolifer-artes sub-vertendo ciências, educações e comunicações, do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor). Essas mesas foram compartilhadas com estudantes de ensino médio, artistas e pesquisadores e buscaram se configurar como pequenos exercícios de "fabulação especulativa" (Haraway, 2021), uma noção que nos auxiliou a compreender como ocorrem os encontros e conexões nos emaranhados multiespécies por meio da interação entre ciências, artes e comunicação. Das mesas de trabalho resultou uma Mostra interativa intitulada "Seguir os sapos", que guia esta dissertação através de um pensamento com experiências afetivas e perceptivas que não reproduzem a lógica emissor-receptor. As mesas de trabalho e a Mostra nos fizeram pensar em uma escuta multiespécie, onde a simbiose emerge como potência de compartilhar responsabilidades e experimentar uma relação com esses animais que mobiliza o movimento de "afetar e ser afetado", algo fundamental para gerar diferentes engajamentos diante das questões trazidas pelo Antropoceno
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Abstract: Yes, I love frogs. "Cururu, sapo-martelo, rãzinha-assobiadora, perereca-de-folhagem, perereca-de-colete, rãzinha-de-folhiço, sapinho-pingo-de-ouro…" This love led me to research and create ways to cohabit with frogs. Recognizing the risk of extinction of these animals, I think of frogs as...
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Abstract: Yes, I love frogs. "Cururu, sapo-martelo, rãzinha-assobiadora, perereca-de-folhagem, perereca-de-colete, rãzinha-de-folhiço, sapinho-pingo-de-ouro…" This love led me to research and create ways to cohabit with frogs. Recognizing the risk of extinction of these animals, I think of frogs as my companion species, seeking not to think or write only about them, but with them. In this way, I delve deeper into their ways of life through scientific readings, laboratories, fieldwork, the arts and collaborations with authors from different areas, especially Donna Haraway, Anna Tsing and Silvio Ferraz. This immersion revealed interconnections between forms of life, resulting in an interdisciplinary research path, which seeks to raise awareness of the importance of frogs and other silenced beings. In the face of the Anthropocene, it is not enough to invest in communication that only denounces the impacts of human activities on the lives of these animals. It is necessary to engage the public in learning about what it can mean to communicate and listen in the face of mass media. In this work, we invite the public to let themselves be affected by the frogs' ways of life, as a way of taking seriously the departure from a dichotomous thinking, which leads us to think-live-feel from within the separations between organisms and environments, natures and cultures, arts and sciences. The invitation is to feel like part of a network of multispecies interactions. To experience these possibilities, we got involved in "work tables with amphibians", designed based on the articulation between the practices of herpetologists from the Laboratory of Natural History of Brazilian Amphibians (LaHNAB), the materials made available by the Fonoteca Neotropical Jacques Vielliard (FNJV), works of artists (Rosana Torralba, Silvana Sarti, Jaime Reimer, Cildo Meireles, Breno Filo and Mauro Tanaka) and multispecies studies (Haraway, 2021; Tsing, 2019) and the experiences of the research group multiTÃO: prolifer-artes sub-vertendo ciências, educações e comunicações, from the Laboratory for Advanced Studies in Journalism (Labjor). These tables were shared with high school students, artists and researchers and sought to be configured as small exercises in "speculative fable" (Haraway, 2021), a notion that helped us understand how meetings and connections occur in multispecies tangles through the interaction between sciences, arts and communication. The work tables resulted in an interactive exhibition entitled "Follow the frogs", which guides this dissertation through thinking with affective and perceptual experiences that do not reproduce the sender-receiver logic. The work tables and the Exhibition made us think about multispecies listening, where symbiosis emerges as a power to share responsibilities and experience a relationship with these animals that mobilizes the movement of "affecting and being affected", something fundamental for generate different engagements in the face of the issues raised by the Anthropocene
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Aberto
Dias, Susana Oliveira, 1973-
Orientador
Rodrigues, Carolina Cantarino, 1977-
Avaliador
Manica, Daniela Tonelli, 1976-
Avaliador
Comunicação e estudos multiespécies diante do Antropoceno : o caso dos sapos
Natalia Aranha de Azevedo
Comunicação e estudos multiespécies diante do Antropoceno : o caso dos sapos
Natalia Aranha de Azevedo