Feminismos, sexualidade e trabalho : as controvérsias em torno do reconhecimento da prostituição como atividade profissional no Brasil
Tiago Luís Coelho Vaz Silva
TESE
Português
T/UNICAMP V477f
[Feminisms, sexuality and work ]
Campinas, SP : [s.n.], 2023.
1 recurso online (300 p.) : il., digital, arquivo PDF.
Orientador: Adriana Gracia Piscitelli
Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Resumo: No Brasil, tem ocorrido a radicalização de posicionamentos contrários à legalização e a possibilidade da regulamentação da prostituição enquanto atividade profissional reconhecida pelo Estado. Nesta pesquisa analiso a disputa instaurada na esfera pública em torno da controvérsia sobre a...
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Resumo: No Brasil, tem ocorrido a radicalização de posicionamentos contrários à legalização e a possibilidade da regulamentação da prostituição enquanto atividade profissional reconhecida pelo Estado. Nesta pesquisa analiso a disputa instaurada na esfera pública em torno da controvérsia sobre a proibição da prostituição e criminalização do cliente versus a regulamentação laboral do trabalho sexual. A redefinição da prostituição como trabalho tem sofrido intensa oposição de diferentes atores sociais constituídos por lógicas específicas à composição narrativa de seus projetos de sociedade, dentre os quais se destacam os projetos antiprostituição de feministas neoabolicionistas e de grupos conservadores com sua base política entre os religiosos cristãos. Por sua vez, o movimento organizado de prostitutas no país tem assumido o protagonismo no debate público diante as políticas antiprostituição, desenvolvendo estratégias variadas de incidência política na luta por direitos sexuais e trabalhistas, seja através do PL Gabriela Leite, da dimensão político-estética-comunicativa do desfile Daspu e do Puta Dei e, também, do ativismo Putafeminista. No que se refere a execução da pesquisa, realizei uma etnografia multissituada de interações políticas dentro e fora da internet em um continuum online/offline entre os espaços das novas plataformas digitais de interação social e das relações face a face com as interlocutoras. No ambiente presencial, pesquisei junto ao Grupo de Mulheres Prostitutas do Estado do Pará (GEMPAC), em Belém-PA; à Associação das Prostitutas da Paraíba (APROS-PB), em João Pessoa-PB; e à Associação de Prostitutas de Minas Gerais (APROSMIG), em Belo Horizonte-MG. Acompanhei a organização e dinâmica dessas associações, bem como o fluxo de eventos relacionados à controvérsia sobre a regulamentação laboral da prostituição como, por exemplo, encontros, palestras, mesas-redondas, atos públicos, marchas, etc. No ambiente virtual, pesquisei em blogs e redes sociais (revista Azmina, perfis pessoais de ativistas e páginas de comunidades do Facebook) utilizadas como espaço para a divulgação de eventos e para o debate de questões relacionadas à controvérsia em pauta. Com a finalidade de traçar o panorama dos possíveis desdobramentos da proibição/criminalização da prostituição em outros nichos do mercado do sexo, pesquisei em sites de acompanhantes de luxo e realizei entrevistas com pessoas inseridas neste segmento do trabalho sexual. Meu propósito foi compreender as novas torções e tessituras no âmbito da prostituição como problema sociológico no Brasil. O estudo visou também compreender como processos de governamentalidade que operam com base no Estado e no mercado norteiam a prostituição; bem como o modo pelo qual esses processos se articulam e se intensificam através de diferenciações de classe, raça e geração. Busquei apreender como práticas de Estado e de mercado orientam tanto o comportamento quanto as mentalidades que sustentam tais comportamentos das pessoas na prostituição e sobre a prostituição. O meu principal argumento é que e os projetos antiprostituição não visam proibir o mercado do sexo de modo geral, mas, sobretudo, alguns segmentos específicos: a prostituição de rua, e aquela que tem lugar nas casas de prostituição, bem como a legalização dessas casas
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Abstract: Brazil has been facing radical positioning contrary to the legalization and possible regulation of prostitution as a professional activity recognized by the State. In this research, I analyze the dispute established in the public sphere around the controversy on the forbiddance of...
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Abstract: Brazil has been facing radical positioning contrary to the legalization and possible regulation of prostitution as a professional activity recognized by the State. In this research, I analyze the dispute established in the public sphere around the controversy on the forbiddance of prostitution and criminalization of the client versus the labor regulation of sex work. The redefinition of prostitution as a line of work has suffered intense opposition from different social actors constituted by specific logic to the narrative composition of its social projects, among which neo-abolitionist feminist anti-prostitution projects and conservative groups with their political base among Christian religious groups stand out. In turn, the organized movement of prostitutes in Brasil has assumed the leading role in the public debate on anti-prostitution policies, developing various strategies of political advocacy in the struggle for sexual and labor rights, whether through the PL Gabriela Leite, the political-aesthetic-communicative of the Daspu and Puta Dei parades, and also of Putafeminist activism. Concerning the execution of the research, I carried out a multi-sited ethnography of political interactions on and off the internet in an online/offline continuum between the spaces of the new digital platforms for social interaction and face-to-face relationships with the research interlocutors. In the face-to-face environment, I researched with the Group of Women Prostitutes of the State of Pará (GEMPAC), in Belém-PA; to the Association of Prostitutes of Paraíba (APROS-PB), in João Pessoa-PB; and the Association of Prostitutes of Minas Gerais (APROSMIG), in Belo Horizonte-MG. I followed the organization and dynamics of these associations and the flow of events related to the controversy over the labor regulation of prostitution, such as meetings, lectures, seminars, public events, marches, etc. In the virtual environment, I researched blogs and social networks (Azmina magazine, personal profiles of activists, and Facebook community pages) used as a space for publicizing events and debating issues related to the controversy. In order to outline the possible consequences of the prohibition/criminalization of prostitution in other niches of the sex market, I researched luxury escort websites. I conducted interviews with people in this segment of sex work. My purpose was to understand the new twists and turns within the scope of prostitution as a sociological problem in Brazil. The study also aimed to understand how governmentality processes that operate based on the State and the market guide prostitution; as well as the way in which these processes are articulated and intensified through differentiations of class, race and generation. I sought to understand how State and market practices guide the behavior and the mentalities that support such behaviors of people in prostitution and about prostitution. My main argument is that the anti-prostitution projects do not aim to prohibit the sex market in general, but, above all, some specific segments: street prostitution and that which takes place in brothels, as well as the legalization of these brothels
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Aberto
Piscitelli, Adriana Gracia, 1954-
Orientador
Silva, Ana Paula da
Avaliador
Olivar, José Miguel Nieto
Avaliador
Padovani, Natália Corazza, 1982-
Avaliador
Beleli, Iara Aparecida, 1955-
Avaliador
Feminismos, sexualidade e trabalho : as controvérsias em torno do reconhecimento da prostituição como atividade profissional no Brasil
Tiago Luís Coelho Vaz Silva
Feminismos, sexualidade e trabalho : as controvérsias em torno do reconhecimento da prostituição como atividade profissional no Brasil
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