Processos de maturação de mulheres negras : encontros com a negritude à revelia do racismo
Monique dos Anjos Costa Pedro Dreisewerd
DISSERTAÇÃO
Português
T/UNICAMP D814p
[Maturational processes of black women]
Campinas, SP : [s.n.], 2023.
1 recurso online (127 p.) : il., digital, arquivo PDF.
Orientador: Laís Silveira Fraga
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem
Resumo: Maturação: substantivo feminino. 1. Ato de maturar; 2. Processo de passagem à maturidade. 3. finalização do desenvolvimento de um organismo. Transpondo a significância literal de passar pelos estágios, seja do fruto ou da carne, que levam à completude, uso aqui o conceito de maturação para...
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Resumo: Maturação: substantivo feminino. 1. Ato de maturar; 2. Processo de passagem à maturidade. 3. finalização do desenvolvimento de um organismo. Transpondo a significância literal de passar pelos estágios, seja do fruto ou da carne, que levam à completude, uso aqui o conceito de maturação para nomear o modo pelo qual mulheres afrodiaspóricas metamorfoseiam-se até tornarem-se, de fato, negras. Se esses estágios podem ser acompanhados nas plantações a partir da alteração da cor da fruta, também entre nós percebe-se um melhor entendimento da integralidade negada ao povo negro à medida em que assumimos os tons que carregamos. Já ao pensar na carne maturada, esta precisa primeiro ser abatida e mantida em circunstâncias controladas, assim como ocorre com quem carrega os vestígios de um período de escravatura refutado em sua dimensão e consequências residuais. Sob a égide da psicanalista e artista multidisciplinar Grada Kilomba, pela centralidade dada a grupos historicamente silenciados, este trabalho visa discutir as subjetividades das narrativas (auto)biográficas de quatro mulheres pretas e pardas, incluindo a minha, pesquisadora responsável por este documento. Contudo, longe de uma tentativa inverossímil de generalizar ou comparar trajetórias, apresento as histórias reportadas em entrevistas semiestruturadas como forma de me opor à abstração que inviabiliza a sensibilidade e exacerba o sadismo pela dor negra. Ao mesmo tempo, construo conexão com processos sociais e históricos ancorados no campo das discussões raciais. Intenciono, com isso, trazer para reflexão os marcos dos ciclos de assimilação da racialidade que passam pela negritude como acusação; busca pela brancura; a frustração ante a impossibilidade de ser outra se não negra; o despertar da consciência étnica e a apropriação da identidade tal qual se é. A partir do estudo de estereótipos impostos desde os tempos do Brasil Colônia e perpetuados até os dias atuais, coloco em destaque expressões emocionais, físicas e intelectuais de quem (sobre)vive à sua maneira, apesar/considerando/independentemente da interferência da branquitude. A exposição de nossas escrevivências não está aqui, portanto, para ilustrar conceitos e tampouco como provas diante de um júri tendencioso. Nossas palavras constam para apresentar formas individuais e coletivas de pensar diferentes maneiras de existir sem a mediação do racismo como regente de nossos atos e escolhas. Ao lado de Kilomba (2020), nomes a exemplo de Lélia Gonzalez (2020), Neusa Santos Souza (2021 [1983]), Conceição Evaristo (2020), Cida Bento (2022, 2023), Sueli Carneiro (2005, 2019, 2023), Audre Lorde (2007 [1984], 2019 [1978]), Patricia Hill Collins (2000 [1990], 2003), bell hooks (2013 [1994], 2019 [1981], 2021 [2000]), Saidiya Hartman (2020 [2008]), Christina Sharpe (2023) e Franz Fanon (2020 [1952]) contribuem para a classificação desta pesquisa como um material decolonial, interseccional e negro
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Abstract: Maturation: feminine noun. 1. The act of ripening; 2. The process of reaching maturity; 3. The completion of an organism's development. Transcending the literal significance of passing through stages, whether of fruit or flesh, that lead to completeness, I use the concept of maturation...
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Abstract: Maturation: feminine noun. 1. The act of ripening; 2. The process of reaching maturity; 3. The completion of an organism's development. Transcending the literal significance of passing through stages, whether of fruit or flesh, that lead to completeness, I use the concept of maturation here to describe the way in which Afro-diasporic women transform themselves into, in fact, Black women. If these stages can be observed in plantations through changes in fruit's color, we also gain a better understanding of the denied wholeness to the Black population as we embrace the shades we carry. When considering aged meat, it undergoes the process of slaughtering and is kept in controlled conditions, similar to individuals carrying the traces of a denied period of slavery and its enduring consequences. Under the guidance of the psychoanalyst and transdisciplinary artist Grada Kilomba, who emphasizes historically silenced groups, this work aims to discuss the subjectivities of (auto)biographical narratives of four Black and mixed-race women, including my own, the researcher responsible for this document. However, far from an improbable attempt to generalize or compare trajectories, I present the stories reported in semi-structured interviews as a way to oppose the abstraction that hinders sensitivity and exacerbates the sadism of Black suffering. At the same time, I establish connections with social and historical processes rooted in the field of racial discussions. With this, I intend to reflect on the levels of racial assimilation. These range from Blackness as an accusation, the pursuit of whiteness, the frustration in the impossibility of being anything other than Black, to the awakening of ethnic consciousness and the appropriation of one's identity as it is. Based on the study of stereotypes imposed since the colonial times of Brazil and perpetuated to this day, I highlight the emotional, physical, and intellectual expressions of those who (sur)vive in their own way, despite/considering/independently of the interference of whiteness. Our accounts are not here to illustrate concepts, nor as evidence before a biased jury. Our words are presented to showcase individual and collective ways of thinking about different forms of existing without the mediation of racism as the ruler of our actions and choices. Alongside Kilomba, names like Lélia Gonzalez (2020), Neusa Santos Souza (2021 [1983]), Conceição Evaristo (2020), Cida Bento (2022, 2023), Sueli Carneiro (2005, 2019, 2023), Audre Lorde (2007 [1984], 2019 [1978]), Patricia Hill Collins (2000 [1990], 2003), bell hooks (2013 [1994], 2019 [1981], 2021 [2000]), Saidiya Hartman (2020 [2008]), Christina Sharpe (2023) and Franz Fanon (2020 [1952]) contribute to classifying this research as a decolonial, intersectional, and black
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Aberto
Fraga, Lais Silveira, 1980-
Orientador
Rodrigues, Carolina Cantarino, 1977-
Avaliador
Kanashiro, Marta Mourão, 1974-
Avaliador
Processos de maturação de mulheres negras : encontros com a negritude à revelia do racismo
Monique dos Anjos Costa Pedro Dreisewerd
Processos de maturação de mulheres negras : encontros com a negritude à revelia do racismo
Monique dos Anjos Costa Pedro Dreisewerd