Resumo: A estrongiloidíase é uma doença de difícil controle, principalmente por possuir capacidade de autoinfecção. No tratamento de pessoas infectadas, são utilizados benzimidazóis ou ivermectina, porém estes apresentam taxas de cura muito variáveis. Surge, por isso a necessidade de novas fontes de tratamento, sendo o uso de plantas medicinais uma opção viável. Neste estudo, a planta Salvia sagittata (Lamiaceae), um pequeno arbusto nativo da Cordilheira dos Andes, foi avaliado in vitro e in vivo, quanto ao seu potencial anti-helmíntico sobre Strongyloides venezuelensis (Nematoda, Rhabditoidea). O óleo essencial de S. sagittata foi fracionado em três Frações (F1, F2, F3). Mediante cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas (GC-MS) foi feita a caracterização do óleo essencial e frações, sendo o linalol o composto majoritário de S. sagittata e da F2 e o segundo composto majoritário da F3. Para a parte in vitro, as três frações e OE de S. sagittata foram avaliados frente fêmeas parasitas de S. venezuelensis nas concentrações de 0,128 µl/ml, 0,064 µl/ml; 0,032 µl/ml, 0,016 µl/ml e 0,008 µl/ml, 0,004 µl/ml. Foram observadas por 7 dias com intervalos de 24h, após à incubação em estufa de CO2 a uma temperatura de 37 °C. Os resultados in vitro demostraram bom potencial para o OE e para duas frações (F2 e F3), ao matar 100% de fêmeas parasitas de S. venezuelensis entre as 5 - 48 horas de incubação nas concentrações de 0,128 µl/ml, 0,064 µl/ml; 0,032. É por isso que estes compostos foram selecionados para a realização de testes in vivo, além do composto principal da Salvia sagittata, linalol. Foram formados grupos de quatro camundongos e tratados com uma única concentração de 100 µl/animal de OE e F2, 150 mg/kg/animal de linalol, 200 µg/kg/animal de ivermectina e um grupo sem tratamento. A avaliação da atividade antiparasitária foi realizada pela contagem de ovos por grama de fezes (OPG) a partir do 5° ao 10° dia após da infecção. No último dia foi feita a eutanásia e as fêmeas parasitas foram coletadas dos intestinos dos camundongos para serem contadas. Os resultados in vivo mostraram que o OE e F2 provocaram uma maior produção de ovos (OPG) e permitiram a sobrevivência de uma grande quantidade de fêmeas parasitas até o final de experimento (dia 10 p.i), sendo significativamente diferentes (p< 0,005) do grupo controle. O linalol, apresentou valores semelhantes ao grupo controle tanto no número de OPG e de fêmeas parasitas. A ivermectina reduziu significativamente o número de ovos e consequentemente o número de fêmeas parasitas como esperado. Os resultados mostram que o óleo essencial de S.sagittata apresentou efeito anti-helmíntico in vitro, porém não apresentou o mesmo efeito in vivo Ver menos

Abstract: Strongyloidiasis is a complex disease to control, mainly because it has the capacity for autoinfection. In the treatment of infected people, benzimidazoles or ivermectin are used, but these have very variable cure rates. Therefore, the need for new sources of treatment arises, and the use of medicinal plants appears as a viable option. In this study, the plant Salvia sagittata (Lamiaceae), a small shrub native to the Andes, was evaluated in vitro and in vivo for its anthelmintic potential against Strongyloides venezuelensis (Nematoda, Rhabditoidea). The essential oil (EO) of S. sagittata was fractionated into three fractions (F1, F2, F3). Gas chromatography coupled to mass spectrometry (GC-MS) was used to characterize the EO and fractions, we found that Linalool (LI) was the major compound for EO and F2, and the second for F3. For the in vitro part, the three fractions and the EO were evaluated against female parasites of S. venezuelensis at concentrations of 0.128 µl/ml, 0.064 µl/ml; 0.032 µl/ml, 0.016 µl/ml and 0.008 µl/ml, 0.004 µl/ml. They were observed for 7 days at 24h intervals, after incubation in a CO2 oven at a temperature of 37 °C. The in vitro results showed good potential for EO and for two fractions (F2 and F3), since they killed 100% of female parasites of S. venezuelensis between 5 – 48 hours of incubation at concentrations of 0.128 µl/ml, 0.064 µl/ml; 0.032, so these compounds were selected for in vivo tests. For the in vivo part, LI also was tested. In this stage, groups of four mice were formed and treated with a single concentration of 100 µl/animal of OE and F2, 150 mg/kg/animal of linalool, 200 µg/kg/animal of ivermectin and an untreated group. The evaluation of antiparasitic activity was performed by counting eggs per gram of feces (EPG) from the 5th to 10th day after infection. The last day, euthanasia was performed and the female parasites were collected from the mice intestines to be counted. The in vivo results showed that OE and F2 produced higher EPG than F1 and LI and they allowed a big number of female parasites until the end of the experiment, values were significatively different to the control group (P<0.005). LI presented similar EPG and number of female parasites to control group. Ivermectin reduced significantly the number of eggs and consequently the number of female parasites as expected. The results showed that the EO of S.sagittata presented an anthelmintic effect in vitro, contrary to what happened in vivo Ver menos