Resumo: Os sistemas radiográficos digitais estão cada vez mais incorporados na prática clínica e, com isso, as radiografias passaram a ser analisadas em telas de computadores e laptops. Uma vez que o uso prolongado de telas com altos níveis de brilho pode resultar em sinais e sintomas de fadiga visual, os filtros de luz azul têm sido comercializados para mitigá-los. Como a maioria desses filtros se apresenta em tom amarelado e gera uma alteração na percepção das cores e de seu contraste, hipotetizou-se que tais filtros poderiam influenciar o diagnóstico radiográfico, principalmente aquele de condições desafiadoras como as lesões de cárie dentária. Assim, o objetivo nesse estudo foi avaliar a influência de filtros de luz azul presentes em lentes de óculos e em um sistema operacional de computador no diagnóstico radiográfico de lesões de cárie proximal. Para tanto, foram utilizadas 18 radiografias interproximais digitais de 18 dentes com faces acometidas por lesão de cárie proximal e faces saudáveis, cujo padrão-ouro foram imagens de microtomografia computadorizada. As radiografias foram randomizadas e analisadas por 6 radiologistas orais, independentemente, sob 6 condições de filtros de luz azul: sem filtro; com óculos com lentes Crizal Prevencia®; com óculos com lentes Fozoco Eyewear®; e com a ferramenta "Luz noturna" do sistema operacional Windows® 11 em 3 intensidades diferentes (20%, 40% e 60%), totalizando 108 imagens para avaliação (18 radiografias x 6 condições de filtro). Nas radiografias, as faces mesial e distal dos dentes foram avaliadas quanto ao diagnóstico de lesão de cárie proximal, utilizando-se uma escala de 5 pontos. Trinta dias após o fim das avaliações, 50% da amostra foram reavaliados para se analisar a reprodutibilidade intraexaminador. Os valores de diagnóstico de área sob a curva ROC, sensibilidade e especificidade para a detecção de lesões de cárie proximal foram calculados e comparados entre as diferentes condições de avaliação pela Análise de Variância. O teste de Kappa ponderado foi utilizado para se analisar as concordâncias intra- e interexaminadores. O nível de significância para as análises foi estabelecido em 5% (?=0,05). Não houve diferença quanto à área sob a curva ROC (p=0,792), sensibilidade (p=0,958) e especificidade (p=0,998) para o diagnóstico de lesão de cárie proximal entre as condições de filtro de luz azul avaliadas. As concordância intra- e interexaminadores para a detecção de lesões de cárie proximal variaram de razoável a substancial (0,39-0,67) e de razoável a moderada (0,21-0,54), respectivamente. Dessa forma, conclui-se que os filtros de luz azul presentes nos dispositivos testados não influenciam a detecção de lesões de cárie proximal, podendo ser utilizados ou não durante o diagnóstico radiográfico em questão, de acordo com a preferência do avaliador. Ver menos

Abstract: Digital radiographic systems are increasingly incorporated into clinical practice and radiographs are now being analyzed on computer and laptop screens. Since prolonged use of screens with high brightness levels can lead to signs and symptoms of visual fatigue, blue light filters have been marketed to mitigate them. As most of these filters have a "yellowish" tone and change color perception and contrast, it was hypothesized that blue light filters may influence radiographic diagnosis, specially challenging ones such as dental caries lesions. Thus, the aim in this study was to evaluate the influence of blue light filters present in eyeglasses lenses and in a computer operating system on the radiographic diagnosis of proximal caries lesions. To do so, 18 digital bitewing radiographs of 18 teeth with surfaces affected by proximal caries lesions and healthy surfaces were used. Images of microcomputed tomography were adopted as the gold standard. The radiographs were randomized and analyzed by 6 oral radiologists, independently, under 6 conditions of blue light filter: no filter; with Crizal Prevencia® lenses; with Fozoco Eyewear® lenses; and the "Night light" feature of the Windows® 11 operating system at three different intensities (20%, 40%, and 60%), totaling 108 images for evaluation. The mesial and distal surfaces of the teeth were evaluated on the radiographs for the diagnosis of proximal caries lesions, using a 5-point scale. Thirty days after completion of evaluations, 50% of the sample was reevaluated to analyze intra-examiner reproducibility. Diagnostic values of area under the receiver-operating curve (AUC), sensitivity and specificity for the detection of proximal caries lesions were calculated and compared among the different assessment conditions by Analysis of Variance. Weighted kappa test was used to analyze intra and interexaminer agreements. Significance level was established at 5% (?=0.05). There was no difference regarding the AUC (p=0.792), sensitivity (p=0.958), and specificity (p=0.998) for the diagnosis of proximal caries lesions among the conditions of blue light filters tested. Intra- and interexaminer agreements for the diagnosis of proximal caries lesions varied from fair to substantial (0.39-0.67) and from fair to moderate (0.21-0.54), respectively. It is concluded that the blue light filters present in the tested devices do not influence the detection of proximal caries lesions. Thus, they may be used during this type of radiographic diagnosis, according to the examiner’s preference Ver menos