Resumo: As medidas de mobilidade em espaço de vida têm fornecido ricas informações na literatura gerontológica sobre as interações entre a pessoa idosa e seu ambiente. Por meio delas é possível estimar o grau de exigência ambiental em relação aos níveis de competência pessoal, assim como a adaptação dos indivíduos diante desse processo. Alterações negativas nos níveis de competência pessoal indicados por funcionalidade cognitiva e instrumental para a realização das atividades de vida diária tem o potencial de reduzir a extensão da mobilidade em espaços de vida. Entretanto, a magnitude desses efeitos está sujeita à interferência de fatores subjetivos, tais como a percepção pessoal de controle e autonomia. Objetivo: Investigar a magnitude das associações entre mobilidade em espaço de vida com variáveis cognitivas, com autorrelato de dependência para a realização de atividades instrumentais de vida diária e percepção de controle e autonomia, controladas por variáveis sociodemográficas e de arranjo familiar. Especificamente, examinar o potencial papel mediador exercido pela dependência nas atividades de vida diária e a percepção de controle e autonomia nessas associações. Método: Estudo analítico de corte transversal realizado com os dados de seguimento do estudo "Fragilidade em Idosos Brasileiros", polo UNICAMP (FIBRA; 2016 e 2017) a partir de autorização da coordenação do estudo e aprovação em Comitê de Ética em Pesquisa. Foi testado um modelo hipotético de influência das competências pessoais sobre a mobilidade em espaço de vida, mediado pela percepção de controle e autonomia e dependência nas atividades de vida diária por meio de Modelagem por Equações Estruturais. O escore composto da escala The University of Alabama at Birmingham Study of Aging Life-Space Assessment representou a mobilidade em espaço de vida. As variáveis sociodemográficas e de arranjo familiar foram utilizadas como controle no modelo. Resultados: Amostra composta por 419 idosos com média de 80 (+ 4,58) anos de idade, 4,5 (+ 3,78) anos de escolaridade, e 77 residiam sozinhos. Foram alcançadas magnitudes fracas (? 0.118 - 0.391) nas associações diretas entre as variáveis. Entretanto, o modelo de mediação se ajustou bem aos dados, sugerindo que dependência nas AIVDs e percepção de controle e autonomia são mediadores das relações entre cognição e mobilidade. Por sua vez, a percepção de controle e autonomia também mediou a associação entre a dependência para as AIVD e a mobilidade em espaço de vida. Conclusão: As análises sugerem uma hierarquia de efeitos entre competências pessoais, a cognição têm efeito preditor sobre a dependência funcional. Essas mudanças nas competências pessoais estão sujeitas à avaliação subjetiva dos indivíduos, sendo a percepção de controle e autonomia mediadoras da relação entre as competências e a mobilidade em espaço de vida. Futuros estudos e intervenções que tenham como alvo a mobilidade em espaço de vida em idosos deverão considerar os efeitos potenciais da percepção de controle e autonomia na explicação e para o alcance dos desfechos almejados Ver menos

Abstract: Life-space mobility measures have provided rich information in the gerontological literature about the interactions between the elderly person and his/her environment. Through them, it is possible to estimate the degree of environmental demands in relation to the levels of personal competence, as well as the adaptation of individuals to this process. Negative changes in levels of personal competence indicated by cognitive and instrumental functioning for carrying out activities of daily living have the potential to reduce the extent of life-space mobility. However, the magnitude of these effects is subject to the interference of subjective factors, such as the personal perception of control and autonomy. Objective: To investigate the magnitude of associations between life-space mobility and cognitive variables, self-reported dependence for performing instrumental activities of daily living, and perceived control and autonomy, controlled by sociodemographic and living arrangement variables. Specifically, to examine the potential mediating role played by dependence in activities of daily living and perception of control and autonomy in these associations. Method: Analytical cross-sectional study carried out with follow-up data from the study "Frailty in Brazilian Elderly", UNICAMP pole (FIBRA; 2016 - 2017) based on an authorization from the study coordination and approval by the Research Ethics Committee. A hypothetical model of the influence of personal skills on life-space mobility, mediated by perceived control and autonomy and dependence in activities of daily living through Structural Equation Modeling, was tested. The composite score of The University of Alabama at Birmingham Study of Aging Life-Space Assessment scale represented life-space mobility. Sociodemographic and family arrangement variables were used as controls in the model. Results: Sample consisted of 419 elderly with a mean age of 80 (+ 4.58) years, 4.5 (+ 3.78) years of education, and 77 lived alone. Weak magnitudes (? 0.118 - 0.391) were achieved in the direct associations between the variables. However, the mediation model fitted the data well, suggesting that IADL dependence and perceived control and autonomy are mediators of the relationships between cognition and mobility. In turn, perceived control and autonomy also mediated the association between dependence for IADLs and life-space mobility. Conclusion: The analyses suggest a hierarchy of effects between personal competencies, cognition have a predictive effect on functional dependence. These changes in personal competences are subject to the subjective assessment of individuals, with the perception of control and autonomy mediating the relationship between competences and life-space mobility. Future studies and interventions targeting life-space mobility in the elderly should consider the potential effects of perceived control and autonomy in explaining and achieving the desired outcomes Ver menos