Crise e transformação na última fase do pensamento de Raúl Prebisch (1976-1986) [recurso eletrônico] : do tecnocrata modernizador para um crítico do capitalismo
Fágner João Maia Medeiros
DISSERTAÇÃO
Português
T/UNICAMP M467c
[Crisis and transformation in the last phase of Raúl Prebisch's thought (1976-1986)]
Campinas, SP : [s.n.], 2021.
1 recurso online (276 p.) : il., digital, arquivo PDF.
Orientador: Milena Fernandes de Oliveira
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Economia
Resumo: Em 1976, o economista argentino Raúl Prebisch, aos 75 anos, abandonou sua longa trajetória no serviço internacional e deu início a uma série de publicações críticas ao capitalismo periférico, mais tarde, sumarizadas na obra Capitalismo Periférico: crisis y transformación. Esse episódio foi o...
Ver mais
Resumo: Em 1976, o economista argentino Raúl Prebisch, aos 75 anos, abandonou sua longa trajetória no serviço internacional e deu início a uma série de publicações críticas ao capitalismo periférico, mais tarde, sumarizadas na obra Capitalismo Periférico: crisis y transformación. Esse episódio foi o marco inicial do que o próprio autor chamou por sua "quinta e última fase intelectual", que se estendeu até sua morte em 1986. Nesse período, encontramos nos escritos Prebisch: (i) um novo arcabouço teórico, orientado para uma análise multidisciplinar; (ii) um novo diagnóstico para a crise que assolava os países periféricos; e, por fim, (iii) o abandono dos tons esperançosos, que correspondiam à possibilidade de reformas no sistema capitalista. No intuito de captar a natureza desse movimento, assumimos o objetivo geral de reconstituir a trajetória intelectual de Prebisch em busca de compreender os determinantes do processo de crise e transformação presentes na última fase do seu pensamento. Para tal, nosso ponto de embarque foi o alvorecer da década de 1960, quando certos elementos sociológicos afloraram pela primeira vez na obra do autor. Simultaneamente, resgatamos o saldo negativo das suas experiências acumuladas nos organismos vinculados à ONU. No que reside aos procedimentos metodológicos, para reconstituir a trajetória de Prebisch, optamos pela abordagem de Reconstrução Histórica. Nosso primeiro passo foi executar um levantamento bibliográfico da produção teórica do autor, incluindo seus livros, artigos e documentos. Ao mesmo tempo, abarcando seus pronunciamentos, entrevistas concedidas e outros gêneros de fonte primária. Por último, contamos com apoio da literatura secundária especializada no pensamento de Prebisch e no contexto de grandes mudanças na América Latina no pós-guerra. Por resultado, revelamos que essa transformação no pensamento de Prebisch, a datar pelo ano de 1976, deve ser explicada dentro de um quadro maior: de crise do "paradigma do desenvolvimento". Portanto, Prebisch foi mais um de uma série de teóricos do desenvolvimento que revisitaram suas ideias diante de um contexto de crise global e teórica no decênio de 1970. Embora não fosse um movimento isolado, compreendemos a especificidade dessa inflexão no pensamento do autor a partir de uma dupla determinação. Primeiro, no âmbito da "trajetória institucional", Prebisch, na década de 1970, tornou-se descrente com o papel dos organismos regionais na superação do subdesenvolvimento. Conferimos a isso, o peso da derrota da Nova Ordem Econômica Internacional vislumbrada pelo autor durante sua passagem pela UNCTAD (1964-1969), além de outros percalços na atividade institucional do ILPES, CEPAL e Aliança para o Progresso. Em segundo lugar, notamos na "trajetória intelectual" do autor uma transição para uma abordagem multidisciplinar, que estava em voga nos autores do seu círculo intelectual. Desde meados dos anos de 1960, Prebisch acompanhou de perto um movimento de revisão crítica das teses da CEPAL, que conduziu ao aprofundamento da dimensão política e social no estudo do fenômeno do desenvolvimento. Diante disso, as teses finais produzidas por Prebisch refletiam a trajetória de um autor que vinha perdendo relevância no debate institucional e necessitava encarar uma conjuntura regional dilarecerada pelas novas relações de dependência cristalizadas na década de 1970
Ver menos
Abstract: In 1976, the argentine economist Raúl Prebisch, aged 75, abandoned his long trajectory in the international service and began a series of publications critical of peripheral capitalism, later summarized in his book Peripheral Capitalism: crisis and transformation. This episode was the...
Ver mais
Abstract: In 1976, the argentine economist Raúl Prebisch, aged 75, abandoned his long trajectory in the international service and began a series of publications critical of peripheral capitalism, later summarized in his book Peripheral Capitalism: crisis and transformation. This episode was the starting point of what the author called his "fifth and final intellectual phase", which lasted until his death in 1986. During this period, we find in Prebisch's writings: (i) a new theoretical framework, oriented towards a multidisciplinary analysis; (ii) a new diagnosis for the crisis that was plaguing peripheral countries; and, finally, (iii) the abandonment of hopeful tones, which corresponded to the possibility of reforms in the capitalist system. In order to capture the nature of this movement, we assume the general objective of reconstructing Prebisch's intellectual trajectory in order to understand the determinants of the process of crisis and transformation present in the last phase of his thought. To this end, our starting point was the early 1960s, when certain sociological elements first surfaced in the author's work. At the same time, we rescued the negative balance of their accumulated experiences in organizations linked to the United Nations. With respect to methodological procedures, to reconstruct Prebisch's trajectory, we chose the Historical Reconstruction approach. Our first step was to execute a bibliographic survey of the author's theoretical production, including his books, articles and documents. At the same time, encompassing his pronouncements, granted interviews and other primary source genres. Finally, we supported by secondary literature specializing in Prebisch's thought and in the context of great changes in post-war Latin America. As a result, we reveal that this transformation in Prebisch's thought, dating to the year 1976, must be explained within a larger framework: the crisis of the "development paradigm". Therefore, Prebisch was one of a series of development theorists who revisited his ideas in a context of global and theoretical crisis in the 1970s. Although not an isolated movement, we understood the specificity of this inflection in the author's thinking from a double determination. First, within the scope of the "institutional trajectory", Prebisch, in the 1970s, became skeptical about the role of regional organizations in overcoming underdevelopment. We give this the weight of the defeat of the New International Economic Order envisioned by the author during his time at UNCTAD (1964-1969), as well as other setbacks in the institutional activity of ILPES, ECLAC and Alliance for Progress. Second, we noticed in the author's "intellectual trajectory" a transition to a multidisciplinary approach, which was in vogue among authors in his intellectual circle. Since the mid-1960s, Prebisch has closely followed a movement of critical revision of ECLAC's theses, which led to a deepening of the political and social dimension in the study of the phenomenon of development. In view of this, the final theses produced by Prebisch reflected the trajectory of an author who had been losing relevance in the institutional debate and needed to face a regional situation weakened by the new dependency relationships crystallized in the 1970s
Ver menos
Requisitos do sistema: Software para leitura de arquivo em PDF
Crise e transformação na última fase do pensamento de Raúl Prebisch (1976-1986) [recurso eletrônico] : do tecnocrata modernizador para um crítico do capitalismo
Fágner João Maia Medeiros
Crise e transformação na última fase do pensamento de Raúl Prebisch (1976-1986) [recurso eletrônico] : do tecnocrata modernizador para um crítico do capitalismo
Fágner João Maia Medeiros