O caso Henfil : sera que a esquerda brasileira aprende ingles sem culpa?
Rinaldo Vitor da Costa
DISSERTAÇÃO
Português
(Broch.)
T/UNICAMP C823c
Campinas, SP : [s.n.], 1997.
122f. : il.
Orientadores: Eric Mitchell Sabinson, Celene Margarida Cruz
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem
Resumo: Analiso nesta dissertação o conturbado processo de aprendizagem de língua inglesa pelo jornalista e cartunista Henfil. O material de análise teve como origem as cartas escritas durante o período de 1973 a 1975, em que Henfil esteve em Nova Iorque. Nestas cartas, Henfil relata seu sentimento...
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Resumo: Analiso nesta dissertação o conturbado processo de aprendizagem de língua inglesa pelo jornalista e cartunista Henfil. O material de análise teve como origem as cartas escritas durante o período de 1973 a 1975, em que Henfil esteve em Nova Iorque. Nestas cartas, Henfil relata seu sentimento de inferioridade por não saber inglês e o subterfúgio de um eventual tratamento de hemofilia para poder viajar e permanecer nos EUA. Esse subterfúgio foi necessário para permanecer nos EUA sem uma provável acusação de traição, uma vez que deixava o Brasil em um período politicamente confuso. O governo ditatorial utilizava a censura como instrumento de cerceamento de liberdade, o que impedia Henfil de levar sua mensagem aos leitores da classe operária. Tanto a questão de ordem política quanto as questões de saúde e profissional levaram Henfil a tentar a sorte nos EUA porque ao publicar nos syndicates estaria livre dá censura governamental, que não atingia publicações estrangeiras. Embora utilizasse estas razões para sua viagem aos EUA o que se destaca nas cartas é o sentimento de Henfil em relação à língua inglesa. Primeiramente há o sentimento de inferioridade expresso da seguinte forma: " Posso me tornar o maior humorista do mundo, mas serei o mais merda dos homens se não falar inglês. O inglês ( não saber) é aleijado. Isto aí no Brasil já era um sufoco, já me tornava uma pessoa de segunda classe para os homens, para as mulheres, pros dogs e postes. Pode ser um chato, mas o brasileiro que fala inglês tem a minha inveja e se pudesse eu matava ele a dentadas" (Hen/il 1983: 19, 20). Havia, no entanto um forte temor de aculturação por aprender a língua inglesa, e é devido a este temor que Henfil decide voltar ao Brasil depois de ter conseguido algum espaço na imprensa alternativa de Nova Iorque e na grande imprensa americana e canadense. Além disso, Henfil afirma que nunca falaria inglês, embora tivesse se tornado fluente nesta língua: H Tem dia que não consigo traduzir para o português um cartum que criei em inglês. Tenho que consultar o dicionário. Eu já sou dois" ( Henfil op. cit: 248). Devido ao processo de aquisição/aprendizagem de inglês ter se dado em um momento de polarização de forças políticas e ideológicas ( nacionalismo e "entreguismo" ). Henfil se sentia na necessidade de negar seu conhecimento de inglês, a fim de se manter coerente politicamente: " Eu não falo inglês e nunca vou falar. Entenda aí o inglês como a cultura americana. Nunca. Mesmo que queira e não quero." (Henfil op. cit: 230). Para reforçar sua coerência político-ideológica Henfil decide publicar as cartas no livro Diário de Um Cucaracha a fim de tentar desmistificar os EUA e resolve dedicá-lo à Dalula, uma brasileira que era empregada doméstica em Nova Iorque e ainda assim não falava uma palavra em inglês. Henfil via nesta atitude de recusa à língua inglesa um símbolo de resistência aos EUA
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Abstract: Not informed.
Sabinson, Eric Mitchell, 1949-2019
Orientador
Cruz, Celene Margarida, 1945-
Coorientador
Geraldi, João Wanderley, 1946-
Avaliador
Bastos, Lucia Kopschitz, 1957-
Avaliador
Frederico, Enid Yatsuda, 1948-
Avaliador
O caso Henfil : sera que a esquerda brasileira aprende ingles sem culpa?
Rinaldo Vitor da Costa
O caso Henfil : sera que a esquerda brasileira aprende ingles sem culpa?
Rinaldo Vitor da Costa
Exemplares
Nº de exemplares: 2
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